Economia

Obama anuncia acordo para a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 31/07/2011 21:57


Washington -
O presidente Barack Obama e o Congresso chegaram neste domingo (31/7) à noite a um acordo de última hora para elevar o teto da dívida, impedindo assim um default que teria consequências potencialmente catastróficas para a economia mundial.

"Gostaria de anunciar que os líderes dos dois partidos em ambas as câmaras chegaram a um acordo que irá reduzir o déficit e evitar um default que teria efeitos devastadores em nossa economia", disse Obama em declarações na Casa Branca pouco antes das 21h (22h de Brasília).

Caso seja adotado pelo Congresso antes da meia-noite de terça-feira (01h de quarta-feira em Brasília), o acordo permitirá impedir que o governo americano enfrente nos próximos dias um default.

O alívio já era notado nos mercados após o anúncio. A Bolsa de Tóquio ganhava 1,84% durante a sessão desta segunda-feira pouco depois do anúncio e o dólar também recuperava terreno. A Bolsa de Hong abriu em alta de 1,56% nesta segunda-feira. Os mercados americanos registravam forte alta neste domingo à noite nas transações eletrônicas do final da semana.

Segundo os números divulgados por volta das 01h10 desta segunda-feira (21h10 de domingo nos Estados Unidos, 22h10 de Brasília), pela rede de televisão CNBC em seu site, o índice Dow Jones ganhava 1,51%, a 12.271 pontos. O Nasdaq subia 1,45%, a 2.393 pontos, e o índice ampliado S progredia 1,57%, a 1.309 pontos.

Apenas alguns minutos antes do presidente, o chefe da maioria democrata do Senado, Harry Reid, havia anunciado a notícia diante da Câmara alta. "Estou aliviado que os líderes dos dois partidos tenham se aproximado pelo bem de nossa economia com o objetivo de alcançar um acordo histórico bipartite que ponha fim a este impasse perigoso", declarou.

O líder da minoria republicana Mitch McConnell deixou sorridente o Senado após o anúncio de Reid declarando: "estamos felizes que os dois partidos tenham sido capazes de se reunir e de estabelecer os principais pontos de um plano que poderemos recomendar em nosso grupo (republicano)".

Segundo um alto funcionário americano que pediu para não ser identificado, o acordo permitirá aumentar em 2,1 trilhões de dólares o teto da dívida do país e realizar cortes de gastos de 2,5 trilhões em duas etapas.

O acordo permitirá ao Tesouro fazer empréstimos após o dia 2 de agosto, o suficiente para chegar a 2013, ou seja, após as eleições.

A fonte disse ainda que os cortes serão no setor militar e em outros programas, com pelo menos 350 bilhões em cortes no orçamento de Defesa nos próximos 10 anos.

A medida será acompanhada de uma primeira redução de despesas de 1 trilhão de dólares. Uma comissão especial composta igualmente por republicanos e por democratas será encarregada em seguida de obter - antes do Dia de Ação de Graças, no final de novembro - reduções adicionais das despesas de cerca de 1,5 trilhão de dólares.

Se o Congresso não votar para essa data, cortes pelo mesmo valor entrarão em vigor automaticamente em 2013, divididos igualmente entre Defesa e não-Defesa.

A fonte da Casa Branca disse que a Segurança Social e o Medicare, programa de saúde para os idosos, não serão afetados pelos cortes automáticos.

Os republicanos da Câmara, majoritários nesta assembleia, devem ainda confirmar o acordo nesta segunda-feira durante uma reunião de grupo. Mas seu líder, John Boehner, se mostrou favorável ao texto. "Não é o ideal", disse ele durante uma reunião por telefone com seus partidário, segundo um político republicano. "Mas quando o analisamos, percebemos no que trabalhamos", disse.

Os democratas da Câmaras devem também se reunir nesta segunda para aprovar o texto. O plano não prevê nenhum aumento de impostos, o que pode desagradar a ala mais à esquerda do Partido Democrata.

Os republicanos obtiveram importantes quedas de despesas sem ceder na questão dos aumentos de impostos para as famílias mais ricas ou na supressão de nichos fiscais, como aquele que beneficia os proprietários de jatos executivos, e que foi denunciado em diversas oportunidades pelo próprio presidente.

"Não terminamos ainda: quero pedir aos membros de ambos os partidos que façam a coisa certa e apoiem esse acordo com seus votos nos próximos dias", ressaltou o presidente.

Neste domingo, o Senado já havia descartado uma proposta democrata para elevar o teto da dívida, que já tinha sido condenada pela minoria republicana no sábado.

Após a rejeição desse plano, proposto por Reid, as esperanças se voltaram para as negociações entre republicanos, democratas e a Casa Branca para elevar o teto da dívida, atualmente em 14,294 trilhões de dólares, antes de terça-feira.

Os dois partidos fizeram concessões durante as negociações, mas suas posições permanecem amplamente divergentes. De um lado, os republicanos exigem quedas de impostos e cortes orçamentários drásticos. Do outro, os democratas querem acompanhar o rigor orçamentário com esforços fiscais por parte dos mais ricos.

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