Agência France-Presse
postado em 01/08/2011 18:31
O líder da maioria no Senado dos EUA, o democrata Harry Reid, deu a entender que a Casa deve votar nesta segudna-feira uma proposta bipartidária para a redução do déficit e o aumento do limite de endividamento do país, anunciada no fim de semana pelo presidente Barack Obama. Reid disse que "provavelmente" o Senado votará o projeto durante a sessão desta segunda-feira, mas não deu mais detalhes.
Apesar de semanas de debate intenso entre republicanos e democratas, Reid disse que o fato de os legisladores conseguirem chegar a um acordo reflete que o Congresso "funciona do jeito que deve". "Eu não estou orgulhoso dos conflitos que tivemos nesses últimos meses, mas fico satisfeito que tenhamos conseguido achar uma solução juntos", disse o senador, alertando que as duas Casas do Congresso ainda precisam aprovar o acordo.
No domingo, Obama disse que chegou a um acordo com os líderes do Congresso para elevar o teto da dívida em US$ 2,4 trilhões, em duas etapas, além de um corte de gastos de quase US$ 2,7 trilhões nos próximos dez anos. Na primeira fase, o acordo prevê um corte de gastos de US$ 900 bilhões. Depois, um comitê especial de legisladores ficará encarregado de encontrar uma solução para cortar pelo menos mais US$ 1,5 trilhão, por meio de uma reforma fiscal. O Departamento do Tesouro dos EUA tem alertado que o país não terá condições de pagar suas contas se o teto da dívida não for elevado até esta terça-feira.
O acordo afasta o risco de suspensão imediata de pagamentos da dívida, mas não descarta que a avaliação dos títulos da dívida pública americana seja revista para baixo do atual patamar de nota máxima. As atenções agora se voltam para as três principais agências de classificação de risco do mundo. Mesmo se evitar uma moratória (default), os EUA ainda podem perder o rating AAA se as agências - Standard & Poor;s, Moody;s and Fitch - considerarem que o plano não vai suficientemente longe para aliviar os desafios fiscais de longo prazo que o governo enfrenta.
Dados os processos políticos envolvidos, as agências podem adiar a avaliação sobre os ratings dos EUA até depois do Dia de Ação de Graças, em novembro, para verificar as recomendações do comitê bipartidário especial que será criado de acordo com o plano aprovado nesta domingo. Até agora todas as três agências têm sido bastante sinceras sobre o processo e não se recusaram a expressar publicamente suas opiniões sobre a forma como o governo está lidando com a questão da dívida.
"O acordo provisório nos EUA sobre um pacote fiscal fechado ontem à noite é um ganho de tempo sobre a questão do teto da dívida, mas não resolve confiavelmente o déficit fiscal e os riscos relacionados a um rebaixamento", disseram analistas do Barclays. "Nós acreditamos que um plano de redução do déficit confiável de US$ 5 trilhões é necessário para estabilizar a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto) durante a próxima década. Consequentemente, o risco de um rebaixamento dos EUA permanece alto, na nossa opinião", afirmaram.