Agência France-Presse
postado em 03/08/2011 15:47
ROMA - O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, lançou nesta quarta-feira no Parlamento um "plano de ação urgente" para reativar a economia italiana, diante dos temores de um contágio da dívida e com o objetivo de tranquilizar os mercados.Berlusconi falou após o fechamento da Bolsa (12H30 de Brasília) para evitar a reação imediata dos mercados, que poderiam reprovar sua política econômica.
"Os mercados não avaliaram nossa solidez", afirmou Berlusconi, que elogiou o sistema financeiro italiano e pediu "a colaboração de todos", inclusive da oposição de esquerda, sua obstinada inimiga, para reativar a economia.
"Temos bases econômicas sólidas, os bancos têm liquidez, são solventes e superaram tranquilamente os testes europeus", disse, após propor "um plano de ação urgente acordado com os atores sociais" para estimular o estancado crescimento econômico.
A aparição de Berlusconi diante dos deputados é excepcional, já que até agora o político magnata havia evitado tomar a iniciativa devido às relações tensas que mantém com seu ministro da Economia, Giulio Tremonti, isolado e debilitado por estar envolvido em um escândalo de corrupção.
"Fizemos muitas coisas, mas isso não significa que não tenhamos que fazer mais", comentou Berlusconi.
"Cada um deve cumprir com seu dever: porque a estabilidade é a arma vencedora contra a especulação", disse o chefe de governo, que propôs a reforma do estatuto dos trabalhadores como medida contra a crise.
Nesta quinta-feira, o governo deverá realizar um encontro chave com os atores sociais com os quais pretende acordar "um pacto para o crescimento".
Berlusconi prometeu que "irá melhorar a qualidade dos serviços púbicos" para fomentar a competitividade e autorizará o emprego de recursos para fomentar investimentos "ainda que com contribuições privadas".
A Bolsa de Milão registrou uma forte queda na segunda e na terça-feira, e fechou nesta quarta-feira com uma baixa de 1,5%.
O ambiente é particularmente delicado, já que a Itália é a terceira maior economia da chamada Zona do Euro.
"Sei do que falo porque tenho três empresas que são cotadas na Bolsa", admitiu o magnata das comunicações, entre os empresários mais ricos da península.
O discurso de Berlusconi foi duramente criticado pelo líder da oposição de esquerda, Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático, que acusou o governo de ser surdo em relação as suas propostas e de evitar qualquer autocrítica.
"Se querem nos escutar temos muitas propostas, guiadas pelo rigor doloroso, mas são inteligentes e justas", afirmou.
A Itália, como a Espanha, encontra-se sob a pressão dos mercados, e a diferença entre a rentabilidade dos bônus emitidos pelo Tesouro italiano e pelo alemão (que serve de referência" alcançou valores recordes.
Os 17 países da zona do euro enfrentam um desafio cada vez maior para evitar o naufrágio da união monetária pela perigosa combinação de uma elevada dívida, um crescimento anêmico e a incerteza política.
O governo italiano adotou em meados de julho um plano de austeridade para alcançar o equilíbrio orçamentário em 2014. Apesar disso, os investidores temem o contágio da crise devido a sua enorme dívida pública em relação ao PIB: 120%.