Economia

FMI recomenda ao Brasil que adote medidas para conter pressão inflacionária

postado em 04/08/2011 08:41
Em relatório publicado ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a advertir que há sinais de superaquecimento na economia brasileira e pediu que o governo continue a adotar medidas para enfrentar as pressões inflacionárias e conter o excesso de crédito. O documento observa que o forte crescimento da economia em 2010, que atingiu 7,5%, aliado a uma pressão de demanda e ao nível baixo de desemprego, provocou o aumento da inflação, que, em maio passado, atingiu o teto da banda de flutuação da meta oficial, que vai de 2,5% a 6,5%.

A instituição projeta um crescimento de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano e prevê que a inflação chegará a 6,6% no fim de 2011. Embora avalie que os indicadores financeiros do Brasil são, em geral, favoráveis, e elogie a decisão do governo de retirar gradualmente os estímulos à economia adotados durante a crise de 2009, o FMI encoraja as autoridades brasileiras a aprofundar as medidas de contenção de gastos públicos. Para o Fundo, ;um ajuste fiscal adicional ajudaria a baixar a inflação e administrar o influxo de capitais externos, atenuando também a necessidade de aumentar ainda mais as já elevadas taxas de juros vigentes no país;.

Entidade comandada por Christine Lagarde pede cautela, mas avalia que indicadores são favoráveisO relatório foi elaborado depois de discussões dos técnicos do Fundo com representantes do governo brasileiro. Essas avaliações são realizadas uma vez por ano com os países-membros, de acordo com o que determina o artigo IV dos estatutos da organização.

Desde 2010, o órgão vem manifestando preocupação com o que considera sinais de superaquecimento da economia brasileira. A entidade observa que o volume total de crédito no Brasil saltou de 20% do PIB, em 2004, para 46% no ano passado, e comenta que os financiamentos bancários ao setor privado continuam em rápida ascensão, tendo registrado aumento de 20% somente em abril de 2011. O relatório reconhece que as medidas já adotadas pelas autoridades brasileiras podem ter ajudado a conter o crédito em alguns setores, mas revela que, para alguns diretores do Fundo, elas precisam ser mais amplas para produzir um efeito maior.

Fluxo
O organismo também recomenda que o governo brasileiro ;continue a aplicar medidas de ajuste da política macroeconômica como parte da resposta ao grande fluxo de entrada de capitais;, considerando que ;o Brasil continua a ser um dos destinos prediletos dos investidores internacionais, um reflexo de suas perspectivas econômicas e rendimentos elevados;.

Nos últimos meses, a equipe econômica adotou diversas medidas para frear o ingresso de dólares no país, que vem provocando valorização do real e tirando competitividade da indústria brasileira. Essas medidas, contudo, não têm conseguido inverter a tendência do câmbio, diante da enxurrada de capital externo que, somente nos primeiros sete meses deste ano, alcançou US$ 55,6 bilhões, mais que o dobro do que no mesmo período do ano passado.

O FMI finaliza seu relatório sugerindo medidas para melhorar o ambiente de negócios e aumentar a competitividade, o que ;reduziria as taxas de juros, que são estruturalmente elevadas, e favoreceria as perspectivas de crescimento a longo prazo;. E propõe ao governo que busque realizar reformas fiscais importantes, como a da Previdência, para reduzir o deficit estrutural do sistema, e da legislação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Justiça decide sobre dirigente
A Justiça francesa vai decidir na quinta-feira se a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, deverá ser formalmente investigada por ter aprovado um pagamento compensatório a um amigo do presidente Nicolas Sarkozy quando era ministra das Finanças. Se o juiz endossar o pedido da procuradoria, estará lançando uma cortina de fumaça sobre a gestão de Lagarde no FMI, um mês depois de ela ter sido nomeada para o cargo em meio à turbulência econômica global. Promotores dizem que Lagarde abusou de seu poder ao aprovar um pagamento de 285 milhões de euros ao empresário Bernard Tapie em 2008, para ressarci-lo por causa de suas alegações de que o banco Crédit Lyonnais, na época estatal, cometeu uma fraude contra ele numa operação de venda de ações da Adidas, em 1993.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação