Economia

Christine Lagarde enfrenta a crise e a justiça francesa

Agência France-Presse
postado em 04/08/2011 17:13
PARIS - A francesa Christine Lagarde, que assumiu em julho a função de diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, ganhou prestígio na sua atuação diante da crise, mas terá que enfrentar uma investigação da justiça francesa que pode manchar sua reputação.

Após a saída do seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, acusado de tentativa de estupro em Nova York, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, resolveu indicar para o cargo mais importante do FMI essa mulher elegante, muito bem vista pela imprensa americana.

Porém, nesta quinta-feira, três juízes da Corte de Justiça da República (CJR), única instância habilitada na França a julgar ministros e ex-ministros por fatos cometidos no exercício de suas funções, anunciaram que iriam investigar sua atuação num escândalo ligado ao polêmico empresário Bernard Tapie. Na época, ela ocupava o cargo de ministra das finanças.

A investigação diz respeito a uma suposta "cumplicidade em malversação" e "cumplicidade em falsificação" por seu papel na solução de um litígio entre o Estado e Tapie. As acusações podem resultar em uma condenação de até 10 anos de prisão e uma multa de 150.000 euros.

A abertura desta investigação "não é de maneira alguma incompatível" com suas "funções atuais" no Fundo Monetário Internacional (FMI), comentou o advogado de Lagarde, Yves Repiquet.

De fato, por mais que o inquérito leve a ex-ministra a comparecer diante do CJR, o processo deve ser muito demorado e muitos anos ainda serão necessários até ela ser julgada.

Cada vez que foi questionada sobre o assunto, Lagarde sempre disse ter "a consciência perfeitamente tranquila".

Antes de assumir o cargo de diretora-gerente do FMI, Lagarde tinha passado quatro anos no Ministério da Economia e das Finanças da França, estabelecendo o novo recorde de permanência neste cargo no país.

Apesar de ter sido apontada como a grande favorita para a sucessão de Strauss-Kahn, ela fez uma turnê de campanha para conquistar o apoio de diversos paises emergentes, inclusive o Brasil, prometendo dar uma importância a eles na instituição financeira.

Algumas semanas atrás, o New York Times citou Kenneth S. Rogoff, ex-economista chefe do FMI e professor em Harvard, declarou que Christine Lagarde era recebida como "um astro de rock" em todos os lugares onde passava.

Ela também foi eleita ministra das finanças do ano em 2009 pelo Financial Times, pelo seu desempenho diante da mais crise.

Já a revista americana Forbes apontou Lagarde como a 17; mulher mais poderosa do mundo.

A maior parte da sua carreira aconteceu nos Estados Unidos, onde seu principal feito foi o de chegar à presidência da Baker & Mckenzie, renomado escritório de advocacia americano. Ela foi a primeira mulher a chegar a este cargo, assim como foi a primeira a assumir o FMI.

Filha de professores, Lagarde nasceu no dia 1; de janeiro de 1956 em Paris. Ela se formou em Ciência Política e também tem diplomas de inglês e de Direito Social e da Concorrência. Mãe de dois filhos, ela já foi campeã de nado sincronizado.

Seus amigos e parentes elogiam sua "cultura da negociação multilateral" e sua "rede de relações".

Porém, o início da sua carreira política na França não foi nada fácil. Recém chegada de Chicago em junho de 2005 para assumir o ministério do comércio exterior, ela foi criticada por ter questionado o direito social do país.

Ela passou a assumir cargos mais importantes quando Nicolas Sarkozy foi eleito presidente em 2007: após uma rápida passagem no ministério da agricultura, tornou-se a primeira mulher ministra da economia e das finanças da França.

Hoje, o presidente francês e os demais responsáveis políticos europeus esperem que sua presença no FMI ajude a resolver a grave crise que ameaça toda a zona do euro.

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