Agência France-Presse
postado em 06/08/2011 09:47
PARIS - Os credores dos Estados Unidos reagiram de maneira contida ao rebaixamento da nota da dívida americana, exceto a agência oficial da China, principal credor de Washington, que pediu ao país que pare de gastar mais do que ganha.A nota dos Estados Unidos foi reduzida pela primeira vez na história na sexta-feira, quando a agência Standard & Poor;s (SP) a baixou de "AAA" para "AA%2b", dando como justificativas a crescente dívida, o pesado déficit orçamentário e as lacunas no planejamneto da política.
A China, o principal credor dos Estados Unidos, reagiu com vigor afirmando que a SP apenas confirmou uma "terrível verdade".
Pequim, que em maio acumulava 1,16 trilhão de dólares em bônus do Tesouro americano, "tem todo o direito de exigir que os Estados Unidos resolvam seu problema estrutural da dívida", afirmou neste sábado a agência oficial Xinhua.
A agência lembrou que a agência de classificação chinesa Dagong já havia baixado a nota da dívida norte-americana na quarta-feira.
Em um duro comentário, a Xinhua dsstacou que Washington "tem que perceber que os bons tempos em que o país podia pedir empréstimos para resolver os problemas que ele mesmo causara ficaram no passado".
De acordo com a agência, "os Estados Unidos devem restabelecer o princípio da razoabilidade, segundo o qual se deve viver de acordo com a sua renda".
Na Europa, a França assegurou ter "total confiança na solidez da economia americana, assim como na determinação do governo para aplicar o plano (de redução do déficit) aprovado pelo Congresso esta semana", disse à AFP François Baroin, ministro francês da Economia.
O ministro britânico do Comércio, Vince Cable, considerou "completamente previsível" a redução da nota depois da batalha no Congresso americano "há poucas semanas".
"Mas agora chegaram a um acordo e a situação dos Estados Unidos é bastante sólida", completou.
O governo alemão se negou neste sábado a comentar o rebaixamento da nota da dívida soberana dos Estados Unidos.
Segundo a agência de notícias alemã DPA, que cita fontes ligadas ao governo, Berlim considera que a melhor atitude no momento é manter o silêncio.
Outros países da Ásia, os primeiros a reagirem devido ao fuso horário, foram mais contidos em seus comentários.
O Japão, segundo credor dos Estados Unidos, indicou que sua política de compra de obrigações norte-americanas permanecerá inalterada, apesar do rebaixamento da nota.
"A confiança que temos nos bonos do Tesouro americano e sua atratividade como investimento não mudam, apesar desta medida", considerou uma autoridade japonesa a Dow Jones.
O Japão, que tenta conter por todos os meios a alta do iene em relação ao dólar, não tem nenhum interesse em vender seus ativos em dólares no momento, já que isto fortaleceria ainda mais a moeda japonesa.
Na Coreia do Sul, altos funcionários do Ministério das Finanças realizaram neste sábado uma reunião de urgência para analisar as consequências da redução da nota. O Governo, no entanto, advertiu contra toda reação excessiva.
"Não devemos nos preocupar com nossa economia e mercado financeiro", afirmou Yim Jong-Yong, vice-ministro sul-coreano das Finanças.
A primeira-ministra australiana, Julia Gillard, também pediu calma aos mercados. "Ao mesmo tempo, as outras duas grandes agências, Moody;s e Fitch, continuam dando aos Estados Unidos a nota AAA. Portanto, eu acho que devemos levar em conta todos os fatos", opinou.
O anúncio da S foi feito quando os mercados já haviam encerrado os negócios ao fim de uma tumultuada semana.
A maioria dos índices das Bolsas do mundo sofreram drásticas quedas na quinta e sexta-feiras devido ao receio de uma nova recessão nos Estados Unidos e o risco de contágio da crise da dívida na zona do euro.