postado em 09/08/2011 07:56
Às vésperas de iniciar o período de encomendas de Natal à indústria, o comércio acendeu o sinal de alerta. Resolveu acionar o governo para que sejam tomadas medidas urgentes a fim de preservar as condições adequadas à negociação de preços e prazos e garantir um fim de ano com consumo robusto. O receio é de que, com a explosão da crise na Europa e nos Estados Unidos, os reflexos da quebradeira afetem o Brasil e derrubem as vendas do melhor período do ano. No cardápio de reivindicações do setor, os principais pedidos são redução de juros e expansão do crédito. Já temendo problemas, a presidente Dilma Rousseff pediu aos brasileiros que ;não parem de consumir; em 2011.
Lideranças do setor reivindicam providências de proteção ao mercado interno. ;As encomendas do comércio para a indústria de Natal são feitas no início do segundo semestre. Agora, tudo depende da intensidade com que a crise vai se alastrar nas economias;, alertou o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior. Ele pediu agilidade ao governo para que sejam editadas medidas destinadas a proteger o consumo no país. ;Em um cenário de resfriamento do consumo mundial, é possível prever uma queda das exportações brasileiras, o que pode prejudicar ainda mais nosso balanço de pagamentos, e reduzir o ritmo de crescimento interno;, avaliou.
Sensibilidade
Para Pellizzaro, ainda é cedo, entretanto, para projetar o impacto da crise sobre o bolso da classe média. Ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio(CNC), Carlos Thadeu de Freitas aposta que o governo e o BC estarão sensíveis aos impactos da crise e vão reagir já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para o fim do mês. ;O governo vai baixar as taxas de juros e a classe média emergente terá o décimo terceiro salário para comprar e pagar eventuais dívidas;, previu.
[SAIBAMAIS]Freitas advertiu que é preciso agir rápido para salvar 2011, mas, principalmente, 2012. ;Os efeitos da crise financeira internacional não virão agora, mas no ano que vem, e o governo deve agir rapidamente;, disse. Daniel Boechat, consultor independente e especialista em comércio exterior, afirmou que o Brasil tem bons fundamentos econômicos, mas que o governo deverá injetar dinheiro para movimentar o varejo. ;A classe média emergente vai continuar comprando e, se tiver dívidas, os bancos vão renegociar como forma de manter o cliente e fazer mais empréstimos;, previu Boechat.
Mas, a seu ver, se o governo não tomar as providências necessárias para afastar a crise, ela poderá afetar o país. Boechat advertiu que o excesso de importações poderá prejudicar o investimento e a criação de empregos. Para o professor de Finanças do Ibmec-DF, César Frade, a crise financeira mundial terá impacto negativo no Brasil por causa da redução dos créditos à produção, com reflexo no consumo interno. ;Num país globalizado, ninguém está imune. Mas nada está muito claro ainda;, disse.