Economia

Economia global pode estar à beira da recessão, avaliam especialistas

postado em 13/08/2011 08:00
A crise que se abate sobre a Europa e os Estados Unidos começa a ganhar nova face, a de recessão. A cada dia, especialistas revisam seus cenários para pior. E, ontem, com França registrando zero de crescimento no segundo trimestre do ano, com o Japão reduzindo o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 1,5% para 0,5%, e com a Grécia encolhendo 6,9% entre abril e junho, os mais pessimistas acreditam que se abriu a porta para o caos que devastou economias em 2008. O medo de que países periféricos da Zona do Euro deem o calote e levem bancos à falência aumentou.

A situação é crítica. Nos EUA, depois de ter a sua nota soberana rebaixada pela Standard & Poor;s (S) e espalhar pânico pelas bolsas do mundo inteiro, a perspectiva é de que o PIB recue no terceiro trimestre. Os números dos primeiros três meses do ano foram revisados para baixo, de 1,9% para apenas 0,4%. Entre abril e junho, o salto foi de 1,3%, quando o mínimo esperado era de 1,8%. Para piorar, a confiança dos consumidores norte-americanos caiu ao menor patamar desde 1980, ampliando o temor de que a maior locomotiva pare por um longo período.

;Nunca antes na história das pesquisas tantos consumidores mencionaram espontaneamente aspectos negativos sobre a economia e o papel do governo para recuperá-la;, constatou Richard Curtin, diretor da pesquisa Thomson Reuters/Universidade de Michigan. ;Isso é mais do que um simples reconhecimento de que as medidas monetárias e fiscais tradicionais estão amplamente gastas. É a percepção de que o governo é incapaz ou está indisposto a agir;, concluiu. O nível de confiança caiu de 63,7 pontos, em julho, para 54,9 em agosto.

Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o cenário é inequívoco, o mundo está passando por uma desaceleração adicional, principalmente nos EUA e na Europa. Não dá, entretanto, para caracterizar se é uma queda em W (o chamado duplo mergulho) ou não;, observou. ;O mundo, agora, tenta postergar ou segurar o ritmo de desaceleração para que ele não chegue a um aprofundamento global maior, a depressão;, ressaltou

A agência de estatística da França embasa os argumentos de Tingas. Ontem, ela informou que o PIB do país registrou variação zero entre abril e junho, comparado ao primeiro trimestre, quando o resultado havia sido de 0,9%, o melhor para o período em cinco anos. O desempenho foi puxado pelos gastos dos consumidores, que, sem confiança, reduziram as compras em 0,7%. A produção industrial na Zona do Euro também decepcionou ao encolher 0,7% em junho contra o mês imediatamente anterior.

Para Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management, na Europa, falta apenas um gatilho para virar recessão, uma moratória ou a quebra de um banco que transforme a crise em algo sistêmico e reduza drasticamente a liquidez (volume de dinheiro em circulação) do mercado internacional.


GWI, a primeira vítima
A crise mundial fez as primeiras vítimas no mercado financeiro do Brasil. Os nove fundos da gestora coreana de recursos GWI Asset Managemet, que já havia tido problemas em 2008 com ações e derivativos, foram fechados para aplicações e regastes até o próximo dia 26. Um único fundo da instituição, o Private, perdeu 273,1% só no dia 10 e quebrou, ficando com patrimônio negativo de R$ 25 milhões, fato raro no mercado brasileiro.

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