Economia

Desvalorização de 15,1% até julho deixa as ações com preços atraentes

postado em 14/08/2011 08:00
As oscilações do mercado financeiro internacional disseminam incertezas em todo o planeta, o que tem causado uma corrida para aplicações menos arriscadas. Dados do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) comprovam esse movimento. No ano, a captação líquida da poupança foi de R$ 3,1 bilhões e a dos fundos de renda fixa, de R$ 49,7 bilhões. Em contraposição, em pesquisa elaborada pela Expo Money, foi constatada uma queda de 15% no número de pessoas físicas com papéis da Bolsa de Valores de São Paulo ao longo dos últimos quatro anos, mostrando que a aversão ao risco do pequeno investidor está em alta.

Apesar do crescimento por opções mais seguras, vários analistas afirmam que o mercado de ações, se olhado com cautela, pode ser uma alternativa interessante de investimento, mesmo em momentos de alta oscilação. A maior parte dos papéis listados na Bovespa está com preços atraentes, mas é fundamental que o investidor procure entender as regras do mercado antes de mergulhar de cabeça nesse universo. ;Muitas pessoas entram na bolsa sem saber muito sobre seu funcionamento ou quem está operando o seu dinheiro. Isso aumenta consideravelmente os riscos do investimento;, afirma Félix Garcia, consultor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O prévio conhecimento das regras do jogo dá maior racionalidade e segurança para o pequeno investidor. No Brasil, é difícil encontrar alguém que invista em ações e não aja por impulso. ;Entre 2004 e 2008, o Ibovespa teve uma valorização forte. Muitos entraram sem saber o que é o mercado financeiro, mas, como estavam ganhando, parecia tudo bem. Após estourar a crise norte-americana, acumularam perdas e começaram a protestar. Não sabiam que o negócio é de risco e que situações desse tipo ocorrem;, diz Garcia. Além de estudar, o especialista recomenda desconfiar das corretoras que cobram taxas baratas ou prometem lucros muito acima da média. ;Pode ser uma armadilha. Para evitar dor de cabeça, é bom realizar uma consulta à CVM.;

Quem conhece bem o mercado não tem dúvida: o momento é excelente para a compra de ações. Praticamente todas as empresas listadas na bolsa estão com papéis custando mais barato do que seus valores reais. O fenômeno ocorre porque um terço do dinheiro aplicado na Bovespa vem de investidores estrangeiros. Com os problemas nos Estados Unidos e na Zona do Euro, quem mora lá fora precisou retirar capital daqui para cobrir buracos. Essa conjunção de fatores torna a bolsa atrativa para quem quer entrar nela. ;Muita gente se desespera ao ver as notícias do exterior, mas não há motivo para pânico. Não é hora de vender ações. A bolsa está boa para entrar e um desastre para quem pensar em sair;, dispara Luiz Ernesto Leitão, consultor da Bovespa.

Segundo o analista, os prejuízos serão recuperados, graças às perspectivas econômicas do Brasil para os próximos anos. ;Quem está na bolsa e acha que vai perder dinheiro com a volatilidade atual, deve pensar duas vezes antes de decidir qualquer coisa. Existem outras opções, como o aluguel de ações, que permitem minimizar perdas;, afirma. Opinião semelhante é a de Wagner Caetano, analista técnico da Top Traders. ;A bolsa sempre vai subir e cair. É necessário aprender a operar, usar ferramentas e estratégias adequadas para conseguir os lucros almejados. A bolsa é como navegação: não podemos controlar o vento, mas podemos colocar as velas na direção certa;, diz.

A análise do contexto econômico ajuda que o pequeno investidor detecte oportunidades e se afaste de possíveis riscos. ;Hoje, a percepção é que os setores de produtos básicos possuem oportunidades promissoras, pelo crescimento de países como Índia e China. Por isso, empresas ligadas a esses segmentos são bastante interessantes;, destaca José Kobori, professor de finanças do Ibmec-DF. Ele acredita que a atual configuração ; crescimento dos emergentes e deterioração dos desenvolvidos ; é boa para o Brasil. ;Nossa vocação para exportador de itens primários vai continuar em alta. Várias nações estão passando por grandes revoluções sociais, e elas vão precisar de matéria-prima brasileira. Isso nos dá blindagem contra a crise nos países desenvolvidos;, garante.

Devolução
No aluguel de ações, os investidores que têm papéis de uma determinada empresa e não estão preocupados com elas a curto prazo podem deixá-las no BTC, uma espécie de banco de ações, com funcionamento semelhante ao de uma imobiliária. O dono repassa suas ações ao BTC, recebe uma remuneração anual e a entidade renegocia esses papéis. Na Europa e nos Estados Unidos, a prática foi proibida, por gerar forte especulação. No exterior, quem pegava ações emprestadas não precisava fazer a reposição, mas a devolução é obrigatória no Brasil.

Ganhos das aplicações (*)
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Ouro - 14,5%
Fundos de renda fixa - 6,9%
CDBs - 6,8%
Fundos DI - 6,7%
Poupança - 4,3%
Dólar - -6,7%
Ibovespa - -15,1%

(*) Até julho

Fonte: Bovespa, Anbima e corretoras.

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