postado em 18/08/2011 08:39
A despeito de todas as medidas adotadas pelo governo para brecar a entrada de dólares, o país está sendo inundado de recursos estrangeiros. Dados liberados ontem pelo Banco Central mostram que, no ano, até 12 de agosto, US$ 63,2 bilhões foram despejados na economia brasileira, o maior montante já registrado na história para o período. No mês, o saldo está positivo em US$ 7,5 bilhões, resultado puxado, principalmente, pelos exportadores, que estão trazendo dinheiro depositado lá fora, com medo de que o dólar derreta ainda mais frente ao real. Nos últimos dias, diante do agravamento da crise internacional, a moeda norte-americana chegou a ser cotada acima de R$ 1,60, animando os empresários a trocar dólares pela divisa nacional.A movimentação dos exportadores ajudou, no entanto, a derrubar os preços da moeda norte-americana, que encerrou as negociações valendo R$ 1,584 para venda, com baixa de 0,41%. No segmento financeiro, os investidores estão mais arredios. Tanto que, em agosto, o fluxo cambial mostrou um tímido superavit de US$ 940 milhões contra um saldo de US$ 6,6 bilhões no comércio exterior. ;Tudo isso é reflexo das turbulências das últimas semanas. As pessoas estão avessas ao risco. Por isso, temos um fluxo cambial menor no setor financeiro;, explicou Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank.
Rumo
Na avaliação do especialista, mesmo em menor proporção, a entrada de dólares se manterá firme no Brasil, devido às boas perspectivas para a economia brasileira em relação aos países desenvolvidos, que estão à beira da recessão. Para Serrano, as medidas adotadas pelo governo com o intuito de evitar o derretimento da divisa norte-americana já foram absorvidas pelo mercado e não serão obstáculos para aplicações no país. Na verdade, o que ditará o rumo da entrada de dólares na economia brasileira será a crise mundial. ;As medidas baixadas pelo governo foram pontuais. O dólar chegou ao nível em que está porque é o local natural dele;, argumentou.
Ainda assim, o Banco Central tem atuado para amenizar a queda da moeda norte-americana, enxugando todo os recursos que forem considerados excessos. Até o meio de agosto, as compras de dólares pela autoridade monetária atingiram US$ 3,7 bilhões, o que elevou as reservas internacionais para US$ 351 bilhões.
CAEM APOSTAS DOS BANCOS
Depois da pressão do Banco Central, a aposta dos bancos contra o dólar recuou intensamente entre junho e julho. A posição vendida, ou quantidade de dólares que as instituições negociam em determinado período sem, necessariamente, ter a moeda em caixa, na expectativa de recomprá-la a um valor menor mais à frente e faturar com a diferença, caiu de US$ 14,6 bilhões para US$ 6,3 bilhões no período. Quanto maior esse tipo de operação, maior é a pressão contra o dólar, levando à desvalorização da divisa frente ao real. Esse movimento só encolheu depois que o BC apertou as regras que determinaram o recolhimento do compulsório (dinheiro obrigatoriamente depositado pelas instituições financeiras) de acordo com o tamanho de suas apostas contra a moeda estrangeira. Estabelecida em janeiro, a regra se tornou mais dura em julho.