Agência France-Presse
postado em 18/08/2011 15:04
Londres - As bolsas europeias viveram nesta quinta-feira (18/8) um novo dia negro, com perdas de até 6%, devido a novos temores de uma recessão econômica mundial e dados decepcionantes nos Estados Unidos, que se somaram à persistente preocupação pela crise da dívida na Europa.A Bolsa de Milão liderou as quedas, com perdas de 6,15%, seguida de Frankfurt, que caiu 5,82%, sua maior baixa desde novembro de 2008. Já Paris cedeu 5,48%; Madri, 4,70%; Londres, 4,49%; Amsterdã, 4,47%; Zurique, 4,15%; Lisboa, 4,12%; e Atenas, 3,38%. No mesmo horário em Nova York, Wall Street seguia a mesma tendência: -3,87% para o Dow Jones e -4,52% para o Nasdaq após um dado americano desastroso sobre a atividade industrial.
As ações do setor bancário foram particularmente afetadas após a publicação no Wall Street Journal de que o Fed está preocupado com a capacidade das filiais norte-americanas de bancos europeus de manter um nível adequado de liquidez, caso suas matrizes sejam forçadas a repatriar capitais.
Diante da queda generalizada e impulsionado por sua condição de ativo refúgio, o ouro superou nesta quinta-feira pela primeira vez os 1.825 dólares a onça, para estabelecer um novo recorde a 1.826,10 dólares. "Voltou a haver uma onda de pânico nos mercados", explicou à AFP Ian O;Sullivan, analista da companhia britânica Spread Co.
Os mercados, que temem sobretudo uma nova recessão econômica mundial, continuaram indiferentes às medidas anunciadas na quarta-feira por Alemanha e França, um dia depois da cúpula Sarkozy-Merkel sobre a crise da dívida europeia, destinada essencialmente a tranquilizá-los.
Confirmado os temores de recessão, os analistas do Morgan Stanley revisaram para baixo sua previsão de crescimento mundial para 2011 (3,9% contra 4,2% anteriormente) e 2012 (3,8% contra 4,5%), e especialmente o da Zona do Euro, a 1,7% este ano e 0,5% no próximo. "Nossas previsões revisadas mostram os Estados Unidos e a Zona do Euro rondando perigosamente a recessão", estimaram os especialistas. No entanto, o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, disse nesta quinta-feira em Oslo que não há "nenhuma recessão nova" à vista na Zona do Euro, apesar da desaceleração do crescimento econômico.
Os esperados dados econômicos procedentes dos Estados Unidos também não ajudaram a acalmar o nervosismo dos investidores, especialmente o índice da atividade industrial na região da Filadélfia (leste). Este caiu quase 34 pontos em relação a julho, para ficar em -30,7, seu mínimo desde março de 2009, quando os Estados Unidos ainda se encontrava em recessão. Além disso, os preços ao consumo subiram 0,5% em julho, mais que o previsto pelos analistas, e os novos pedidos de seguro-desemprego também subiram na segunda semana de agosto.
Ao iniciar uma visita de cinco dias à China, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou no entanto que a "estabilidade econômica do mundo depende em grande medida da cooperação entre Estados Unidos e China". "Afeta todos os países, desde seu vizinho do norte até a Argentina, no extremo sul da América do Sul. Na minha opinião, é chave para a estabilidade econômica global", completou em uma reunião com seu homólogo chinês Xi Jinping, cujo governo está preocupado com o enorme endividamento americano.
As bolsas da Ásia também fecharam todas no vermelho. Tóquio perdeu 1,25% - seu pior resultado desde 15 de março - devido à inquietação despertada pela alta do iene frente ao dólar e ao euro, o que prejudica as exportações das empresas japonesas. Hong Kong perdeu 1,34%; Seul, 1,70%; Xangai, 1,66%; e Sidney, 1,22%. "Com o crescimento em algumas economias avançadas perto de seu ponto mínimo, há um risco crescente de que algumas economias possam voltar a cair em recessão", estimou Lee Hardman, economista do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ. "A economia japonesa não ficará imune à desaceleração mundial dada sua forte dependência da demanda externa", completou.