postado em 19/08/2011 08:00
A inflação em alta e as medidas do governo para tentar desaquecer a atividade econômica no início do ano, como a restrição ao crédito, não impediram que a maioria dos trabalhadores assalariados conseguisse aumento acima da inflação no primeiro semestre de 2011.Levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que 84,4% de um total 353 negociações salariais resultaram em ganho real, resultado que ficou pouco abaixo dos 86,7% verificados no primeiro semestre de 2010. Ao todo, 93% das categorias com data-base nos seis primeiros meses de 2011 obtiveram reajuste igual ou superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Para o segundo semestre, quando categorias fortes como bancários, petroleiros e metalúrgicos têm data-base, a previsão é de que esse desempenho se mantenha no patamar de 80% dos trabalhadores, embora o ganho real possa ficar menor. A avaliação é do coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira. ;Nos próximos meses, há uma incógnita por causa da crise externa. Mas apostamos que a recessão global encontrará um mercado interno relativamente forte;, disse ele.
Segundo Oliveira, os reajustes, de uma maneira geral, ficarão próximos do INPC. Em 2010, o ganho real médio foi de 1,8%. Neste ano, até agora o percentual foi de 1,4%. Os trabalhadores do comércio foram os que mais conquistaram ganho real ; 98% das negociações do setor analisadas pelo Dieese.
É confiando na manutenção dos seus empregos e na oferta de novas vagas que o consumidor mantém em alta a intenção de consumo, conforme demonstra pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio. O índice que verifica a disposição das pessoas de ir às compras cresceu 2,5% em agosto em relação a julho e 1,9% sobre o mesmo mês do ano passado.
;A confiança na melhor perspectiva profissional e no crescimento da renda são os motivos da determinação das famílias de gastar mais neste mês;, analisou o economista da CNC Bruno Fernandes. Mas os dados da pesquisa, que abrangeu 18.000 famílias, mostram que a intenção de consumir cresce neste ano em ritmo menor do que o verificado em 2010. Para ele, qualquer reflexo da recessão externa no mercado de trabalho brasileiro vai alterar essa disposição de gastar. ;O abalo da confiança no emprego vai impactar diretamente o consumo;, afirmou.
Veículos em queda
As vendas de veículos ; total de 149.208 unidades ; caíram 3,1% na primeira quinzena deste mês em relação ao mesmo período de julho. Mas, em comparação com os primeiros 15 dias de agosto de 2010, houve crescimento de 5,8%. Os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que a Volkswagen liderou a comercialização, com 24,5% de participação do mercado. A Fiat aparece na segunda posição, com 22,35%, seguida pela General Motors (GM), com 19,55%. A Ford, com 8,72% das vendas, e a Renault, com 6,93%, vêm em seguida.