postado em 19/08/2011 18:24
Rio de Janeiro - O regime de câmbio flutuante é um importante instrumento para que o Brasil possa enfrentar turbulências na economia internacional, ;sendo capaz de absorver choques externos, ao menor custo para a sociedade;, disse hoje (19) o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos e de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva.Em palestra realizada no 30; Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex 2011), no Rio de Janeiro, Awazu acrescentou que o governo poderá reintroduzir ;rapidamente; medidas emergenciais adotadas no auge da crise financeira internacional, em 2008, ;na eventualidade de deterioração do cenário externo; e caso a crise atual venha a afetar o setor exportador. Ressaltou, porém, que ;o Banco Central agirá somente se e quando for necessário;.
Na avaliação do diretor do BC, as bases do crescimento interno, bem como os fundamentos da economia nacional, são sólidos. Isto reforça a tendência de tornar a nossa moeda (o real) um ativo importante tanto para a alocação de recursos, como para a diversificação de riscos. Considerou que a tendência estrutural de apreciação do real reflete mudanças nos polos de dinamismo da economia global ;e revela uma melhora nos fundamentos da economia brasileira;.
O diretor do BC declarou ainda que a apreciação do real tem acompanhado o movimento registrado em outros países. Nos últimos 12 meses, ele disse que o real ocupa a nona posição entre as moedas que mais se valorizaram ante o dólar. Citou, entre as de maior apreciação o franco suíço, que valorizou 32% no período, o dólar australiano (17%) e o yen, do Japão, cuja apreciação foi 12%. ;Ou seja, mesmo as moedas de países com diferenciais de juros pequenos em relação ao juro americano estão sujeitas a processos de apreciação;.
Awazu destacou o papel do setor exportador para o crescimento da economia brasileira, contribuindo para o aumento de produtividade e a diminuição das vulnerabilidades externas. Para ele, esses são elementos fundamentais para que o Brasil possa enfrentar os desafios globais. Segundo o diretor do BC, esta ;robustez; deu ao país maior previsibilidade para decisões de investimentos, criando um ciclo virtuoso para as empresas.
As melhorias introduzidas na economia são ;sólidas e sustentáveis;, declarou. Disse que o Brasil hoje está mais preparado para enfrentar o cenário internacional complexo de grandes desafios, ;mesmo que ele continue desacelerando;.
Awazu destacou, porém, que o momento atual não prevê a repetição da intensidade da crise de 2008. Os sinais são de desaceleração da economia global, mas não existem sinais de colapso. ;O momento é de atenção, mas não é de pânico;.
Segundo ele, a combinação de um cenário internacional em desaceleração e robustez da economia brasileira torna o país um polo de atração de capital de todos os tipos. Daí ser preciso evitar o ingresso de capital especulativo de curto prazo que pode provocar instabilidades e levar a um aumento excessivo de crédito, ao crescimento da volatilidade e à exacerbação da tendência de apreciação do câmbio, além de pressão inflacionária e elevação acentuada de preços de ativos, como ações e imóveis, recomendou.
;Nós devemos ser extremamente cautelosos;, ressaltou o diretor do BC. ;Não podemos nos descuidar. Precisamos continuar vigilantes, adotando medidas sempre que necessárias, de forma tempestiva;.