Economia

Bolsas ao redor do mundo amargam 4ª semana de prejuízo

Influenciados pelas ações de bancos, os pregões despencam. Em apenas cinco dias, Bovespa cai 1,91%

postado em 20/08/2011 09:27

Em Nova York, a redução de projeções para a expansão dos EUA, feita por instituições financeiras, assusta operadores e derruba o Dow Jones em 1,57%

A descrença de investidores na capacidade dos governos dos países ricos de retirarem suas economias do atoleiro e afastar o risco de recessão acentuou a onda de perdas nos mercados financeiros. Após mais uma sexta-feira de pânico, os principais pregões ao redor do mundo encerraram a semana no vermelho. Na Europa, os negócios amargaram a quarta semana consecutiva de quedas, com o indicador que mede a oscilação dos principais papéis do continente recuando 5,9% nos últimos cinco dias. O cenário se repetiu na Bolsa de Nova York, onde o índice Dow Jones caiu 4,01% em relação à sexta-feira anterior. No Brasil, o tombo de 1,91% no período foi mais suave, mas refletiu a mesma desconfiança dos agentes econômicos.

Os bancos europeus, atulhados de títulos podres das dívidas de países em dificuldades, mantiveram-se como o foco das tensões no pregão de ontem, derrubando as bolsas. Em Paris, as ações do BNP Paribas caíram 4,27% e o Société Générale viu sua cotação recuar 3,38%, acumulando quase 40% de perda de valor de mercado no mês. Em Londres, o Lloyds Banking Group registrou 4,78% de retração, enquanto o Royal Bank of Scotland e o Barclays perderam, respectivamente, 5,38% e 2,27%, em valor de mercado. Entre as bolsas europeias, a mais prejudicada foi a de Milão, com desvalorização de 2,46% ; ela foi seguida de perto por Madri (-2,11%) e Paris (-1,92%).

Além da desconfiança dos investidores, os sinais da economia continuam afastando os aplicadores do risco. ;Os dados econômicos fracos permanecem criando temores para os investidores e, com as oscilações fortes em todas as bolsas, a reação continua rápida e severa;, sentenciou Joshua Raymond, estrategista da corretora londrina City Index. Para um operador brasileiro, além do temor de uma nova recessão, os mercados passam, agora, a se preocupar com o aumento do custo do financiamento dos bancos europeus.

Revisões
Um dia depois de o banco Morgan Stanley ter afirmado que a Zona do Euro e os Estados Unidos estavam ;à beira do abismo;, o Barclays revisou para baixo a previsão de crescimento do bloco europeu, de 1,9% para 1,8% este ano, e de 1,6% para 1,1% em 2012. O Citigroup fez o mesmo em relação aos EUA. Reduziu a expansão de 1,7% para 1,6% em 2011 e de 2,7% para 2,1% em 2012.

A consequência das revisões foi vista diretamente nos pregões norte-americano e brasileiro. O Dow Jones recuou nesta sexta-feira 1,57%, enquanto o Ibovespa, indicador que reúne as principais ações no Brasil, caiu 1,29%, para 52.447 pontos. Em contrapartida, os ativos considerados como reserva segura de valor registraram alta. O ouro alcançou um novo recorde, cotado a US$ 1.867,95 a onça. O dólar, por sua vez, teve uma ligeira alta de 0,06%, encerrando o dia ao custo de R$ 1,60 para a venda.

Patamar histórico
O iene voltou ontem ao maior patamar em relação à divisa norte-americana desde a II Guerra Mundial, impulsionado pela busca de proteção dos investidores, ante as turbulências no mercado internacional. Durante a tarde, a cotação da moeda japonesa chegou a ultrapassar a marca de 76,25 ienes por dólar, antes de se estabilizar em torno dos 75,95.

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