postado em 20/08/2011 09:29
Hong Kong e Tóquio ; Fundos que apostam apenas em ações dos mercados em rápida expansão de Brasil, Rússia, Índia e China, grupo chamado de Bric, estão sofrendo retiradas constantes de investidores por causa de retornos baixos, o que tem lançado dúvidas sobre o futuro de uma das mais rentáveis classes de ativos dos últimos tempos. Em comparação a 2007, quando atingiram o auge, esses fundos encolheram 25% e perderam cerca de US$ 10 bilhões em aplicações.O termo Bric foi cunhado pelo economista Jim O;Neill, do Goldman Sachs, em 2001, e o investimento nos mercados acionários dos quatro países decolou na última metade da última década. Gestores de fundos como Templeton, Schroders e DWS, do Deutsche Bank, lançaram produtos de sucesso. Os ativos dos fundos Bric cresceram 1.600 vezes entre 2003 e 2007, chegando a US$ 38 bilhões, enquanto as ações das economias do grupo produziram um retorno de quase 600 por cento. A onda, porém, virou.
Os fundos Bric coletivamente têm visto retiradas de recursos em todos os meses desde março de 2010, segundo dados da Thomson Reuters Lipper. Os ativos combinados encolheram em 25% para pouco mais de US$ 28 bilhões, ante o nível recorde de 2007. As saídas líquidas acumuladas de recursos de tais fundos desde março de 2010 subiram para US$ 9,5 bilhões.
Preferência
Em comparação, fundos que investem na região Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, receberam ingressos de cerca de US$ 4 bilhões no mesmo período, refletindo a preferência dos investidores por uma área mais ampla de aplicações para redução de riscos. Enquanto isso, outros produtos como fundos mútuos atrelados ao ouro e metais preciosos atraíram no período US$ 4,5 bilhões.
A perda de brilho dos fundos Bric foi disparada por quedas de performance, políticas de aperto fiscal, controles de capital no Brasil e mudança da preferência dos investidores em direção à segurança. ;Estes tipos de fundos foram uma tendência no lançamento, continuaram tendência por um tempo e então o apetite dos investidores caiu;, disse François Mouzay, diretor de desenvolvimento de fundos e serviços para Ásia-Pacífico do BNP Paribas Investment Partners. ;Fundos Bric são um conceito antigo. Investidores querem coisas novas, especialmente aqui na região;, concluiu.
RECESSÃO NA PORTA
Os bancos americanos JPMorgan Chase e Wells Fargo reduziram as previsões para o crescimento da economia dos Estados Unidos em 2011 e 2012, sinalizando que a possibilidade de uma recessão é cada vez maior. Segundo o JPMorgan Chase, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumentará 1% no quarto trimestre de 2011, contra uma previsão anterior de 2,5%. Para o primeiro trimestre de 2012, o banco projeta alta de 0,5% e não mais de 1,5%. ;A confiança dos consumidores entrou em colapso e o poder aquisitivo das famílias se deteriorou;, anunciou a instituição, afirmando ainda que o risco de recessão mantém-se ;claramente elevado;. O Wells Fargo fez mudanças menos drásticas nas suas previsões. Os analistas do banco de San Francisco estimam agora que o PIB dos EUA crescerá 1,6% em 2011 e 1,1% em 2012. As previsões anteriores eram de 1,7% e 1,9%, respectivamente.
Ajuste na Espanha
Madri ; O governo da Espanha aprovou, ontem, novas medidas de austeridade que permitirão uma economia de 5 bilhões de euros por ano com o objetivo de reduzir o deficit público e recuperar a confiança dos investidores na solvência do país, um dos mais afetados pela crise de dívidas que atinge toda a Europa. E anunciou também incentivos para impulsionar a debilitada atividade econômica, além de ter prometido divulgar, na próxima semana, ações para estimular o emprego, três meses antes das eleições gerais convocadas pelo primeiro-ministro socialista José Luis Zapatero.
O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) cobrado sobre a compra de casas novas foi reduzido de 8% para 4% até o fim deste ano, com o intuito de dinamizar o mercado imobiliário, que enfrenta um encalhe de 700 mil moradias. ;Estamos contribuindo para a criação de empregos no setor mais castigado pela crise;, disse o porta-voz do governo, José Blanco. Segundo especialistas, a participação do setor imobiliário na economia espanhola, que alcançava 10% antes da crise, caiu pela metade com a retração dos compradores.
Com as medidas de aperto, o governo pretende cortar o déficit público para 6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. No ano passado, o rombo chegou a 9,2%, mas estava ainda pior em 2009, quando bateu em 11,1%. A meta estabelecida pelos países da Zona do Euro é de 3%.
Para aumentar suas receitas, o governo baixou um decreto-lei que obriga grandes empresas a antecipar o recolhimento de impostos. A manobra vai engordar os cofres públicos em 2,5 bilhões de euros neste ano, e em mais 400 milhões em 2012 e 2013.Outra decisão obriga os médicos a prescrever medicamentos com base no seu princípio ativo, favorecendo a utilização de genéricos, que são mais baratos. Com isso, poderá ser obtida uma redução de 2,4 bilhões de euros por ano nas despesas públicas de saúde.