Economia

Mantega diz que Brasil tem "bala na agulha" para responder a eventual crise

postado em 23/08/2011 08:27
Ao participar ontem (22/8) à noite, em São Paulo, de evento em homenagem a economistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que caso a situação econômica mundial se agrave, o Brasil tem ;muita bala na agulha" para responder a uma eventual crise que necessite de estímulos monetários e fiscais.

;Para enfrentar essa crise internacional, devemos continuar fazendo uma consolidação fiscal. É fundamental ter uma situação fiscal sólida em um momento como este. E o governo busca essa consolidação, elevando o resultado primário;, disse o ministro durante evento promovido pela Ordem dos Economistas do Brasil.

De acordo com Mantega, o governo vai continuar ;fazendo bons resultados fiscais;, cada vez mais sólidos. Esse, segundo ele, é um pedido da presidenta Dilma Rousseff. ;Essa consolidação fiscal deve se fazer, sobretudo, pela contenção de gastos de custeio, para ficar mais espaço para manter investimentos e possibilitar desonerações tributárias;, acrescentou.

O ministro lembrou que a consolidação fiscal ;não é para derrubar a economia;, mas para permitir um crescimento mais sólido e de longo prazo. ;Reduzindo os gastos de custeio, podemos fazer mais investimento e abrir espaço e condições para que, no futuro, a taxa de juro possa ser reduzida;.

Mantega disse ainda que será preciso estabelecer nova relação entre a política fiscal e a política monetária, ;deixando a política monetária mais ativa e a fiscal, mais na defensiva;.

Segundo o ministro, a crise de 2008 ainda não terminou para os países avançados e pode novamente se transformar numa crise de bancos (financeira). Segundo ele, o cenário econômico de países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Europa pode pressionar a economia mundial e intensificar a guerra cambial e a busca por novos mercados.

;Neste cenário de baixo crescimento, temos falta de mercado para manufaturados. Portanto, os países estão entrando numa disputa feroz pelos poucos mercados que existem. E o nosso é um dos poucos disponíveis. Estamos partindo para uma concorrência predatória;, disse o ministro.

Segundo ele, a guerra cambial tende a recrudescer neste período e continuar crescendo porque as soluções não estão sendo dadas. ;Uma arma que todos os países estão usando é a manipulação cambial para terem competição e ocuparem os mercados de outros países;, acrescentou.

;Podemos observar que a economia americana não está tendo a recuperação que esperávamos após a crise de 2008, caminhando em passo lento, que poderá desembocar numa recessão; do lado europeu, a coisa não está melhor. Eu diria até que está pior: há um ritmo baixo de crescimento e uma crise da dívida mais aguda que nos Estados Unidos;, disse o ministro aos economistas.

Para ele, a previsão é que os países desenvolvidos, nos próximos dois anos, continuem apresentando ritmo lento de crescimento. ;Os emergentes estão melhores, principalmente os dinâmicos, mas não estão isentos dessa crise;.

Apesar desse cenário, Mantega disse que o Brasil está preparado para enfrentar a situação. ;Mais preparado do que em 2008;, disse ele, lembrando que o país tem reservas maiores que na crise anterior, um mercado interno ;valioso; e depende bem menos do mercado externo que outros países, como a China.

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