postado em 26/08/2011 07:54
Preocupados com a situação econômica mundial e as constantes crises políticas brasileiras, os consumidores estão mais pessimistas com o momento atual e o futuro da economia. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), despencou 4,6% entre julho e agosto. O recuo acontece após um resultado excepcional no mês anterior, quando o otimismo atingiu o melhor resultado da história da sondagem, avançando 5,4%.Os três componentes da pesquisa apresentaram resultados negativos. Além do ICC, o Índice de Expectativas (IE), que analisa a perspectiva dos consumidores com relação ao futuro da economia nacional, apresentou queda de 4,5%, ficando abaixo da média histórica. Já o Índice de Situação Atual (ISA) recuou 2,9%. ;Tivemos várias surpresas, tanto no cenário externo quanto no interno, que afetaram diretamente as avaliações;, disse a economista da FGV Viviane Bittencourt.
Além dos problemas recentes com o endividamento dos Estados Unidos e das dificuldades enfrentadas por países da Zona do Euro, as denúncias de corrupção no governo da presidente Dilma Rousseff também ajudaram a anuviar as expecatativas dos brasileiros. ;Esses assuntos estiveram no noticiário e criaram um certo receio nas pessoas, que querem saber como essas questões podem afetar suas vidas;, explicou Viviane. ;Os brasileiros temem impactos no mercado de trabalho ou no orçamento familiar.; Das 2 mil famílias entrevistadas, 21,2% esperam um cenário de piora na economia local, contra 14,2% verificados no mês anterior. Já a expectativa de melhora caiu de 31,2% para 23,1% no mesmo período. A avaliação de que o atual cenário é bom também recuou, de 31,7% para 27,6%.
;Estou reduzindo cada vez mais o consumo. Procuro analisar as prioridades e deixar os itens supérfluos de lado;, revelou a autônoma Maria Mirozan, 59 anos. Ela indica que o melhor caminho é aproveitar as promoções, mas sabe que até essa estratégia deve ser olhada com cautela. ;Gosto muito de comprar roupas e sapatos, mas só levo para casa quando tenho condições. Nesta época, com tanta gente falando de crise, o melhor é não contrair dívidas.;
A auxiliar de biblioteca Aparecida Oliveira, 44 anos, também procura se precaver. ;Todos temos medo da crise e, por isso, desaceleramos o consumo. Não parei de comprar, mas estou controlando alguns itens. Comida, por exemplo, é indispensável, então mantenho o padrão;, afirmou. Aparecida também acha que, cedo ou tarde, a instabilidade mundial pode gerar impactos na vida dos brasileiros. ;Já passamos por muitas crises no passado, então não dá para acreditar que vamos escapar.;