Economia

Cepal reduz a projeção de crescimento do PIB da América Latina

Rosana Hessel
postado em 31/08/2011 08:00
Acompanhando os bancos internacionais, como Morgan Stanley, Barclay;s e Citibank, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da região de 4,7% para 4,4% neste ano. A revisão reforça as preocupações dos mercados sobre o efeito dos temores de uma nova recessão global, como a que aconteceu em 2008 e 2009, em virtude da retração dos Estados Unidos e das economias da União Europeia.

;A América Latina está mais bem preparada do que em 2008 (ano em que a crise financeira foi desencadeada);, afirmou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena. Na sua avaliação, um crescimento de 4,4% ainda é muito importante ; e não deve, a seu ver, ser desprezado. Ela avaliou ainda que, mais uma vez, o Brasil está muito bem colocado em relação à atual crise financeira. ;O governo tomou medidas que ajudaram a enfrentar a crise de 2008. Acredito que o programa de incentivo à indústria poderá ajudar também nesta fase atual. Mas o grande desafio será proteger as empresas nacionais sem elevar as barreiras protecionistas;, completou.

Risco cambial
A dirigente da Cepal também acredita que a América do Sul tem espaço de ação e autonomia, opção que outras regiões não desfrutam. Mas é importante que os governos estejam atentos para o aumento do desemprego, um problema que pode atingir o México. O país também deve crescer menos: 3,8%, em vez dos 4% previstos na última projeção, divulgada de julho. ;A parte mais afetada é a América do Sul, que terá uma queda maior, de 5,1% para 4,8%. Mas isso não significa que está ruim. O importante é ficar atento;, afirmou Alicia.

O estudo da Cepal, divulgado ontem, destaca a forte desvalorização do dólar como um dos riscos para a América Latina. Apenas quatro países não tiveram sua moeda valorizada na última década: Argentina, Peru, Panamá e Nicarágua. O Brasil é o vice-líder do ranking, com a segunda maior alta, atrás apenas da Venezuela.

Economista da Cepal em Brasília, Carlos Henrique Mussi alertou que, combinado com o contexto de crise global, o fenômeno é preocupante. ;A valorização do câmbio complica a vida da indústria e de todos os países da região;, alertou. Para ele, contra esse efeito, são essenciais as políticas estratégicas para estimular a produção.

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