Agência France-Presse
postado em 06/09/2011 19:18
Nova York - O rendimento dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos com vencimento para 10 anos registrou nesta terça-feira seu menor nível histórico, a 1,929%, como consquência da migração massiva de investidores para este mercado em virtude do agravamento da crise na Europa. Às 16h15 GMT (11H50 de Brasília), o rendimento dos títulos do Tesouro (que evoluem em sentido inverso aos seus preços) com vencimento para 10 anos era de 1,979%, contra 1,996% de sexta-feira à noite, depois de ter registrado 1,929% mais cedo. A taxa havia ficado abaixo de 2% pela primeira vez na história no dia 18 de agosto.Já os títulos com vencimento para 30 anos apresentavam, no mesmo horário, rendimento de 3,246%, contra 3,311% de sexta-feira, o menor nível desde janeiro de 2009. Segundo os especialistas, em meio de uma nova onda de aversão ao risco nos mercados financeiros, os investidores se afastam dos ativos que consideram mais arriscados e sensíveis à atual conjuntura, como as ações, as matérias-primas ou os títulos públicos dos países mais frágeis da Zona Euro, em detrimento de títulos mais seguros como a dívida pública dos Estados Unidos.
O resultado é que o custo do endividamento cai para os Estados Unidos, apesar de a agência Standard and Poor;s ter retirado a nota AAA do país. "Quando todos se posicionam através dos poucos ativos sem risco que existem, sua valorização sofre redução", explicou Evariste Lefeuvre, economista de Natixis.
Segundo ele, a discussão sobre o teto da dívida (que teve os Estados Unidos como protagonista de uma possível cessação de pagamentos por uma disputa política entre a Casa Branca e a oposição republicana no Congresso) fez do mercado de bônus do Tesouro americano o mercado mais líquido do mundo. "Quando alguém vende, sempre há alguém para comprar", explicou.
O mesmo movimento pôde ser observado nos outros países cujas finanças são consideradas confiáveis: os títulos alemães (Bund) à 10 anos alcançaram um novo mínimo histórico de rendimento, à 1,824%, e os títulos do Reino Unidos (Gilt), também à 10 anos, caíram a 2,237%, próximos de seu recorde de queda atingido em agosto.
Na França, país com qualificação "AAA" para sua dívida - assim como Alemanha e Reino Unido -, a taxa OAT (nome dado aos títulos do Tesouro francês) a 10 anos se encontra em seu nível mais baixo desde outubro de 2010. "A crise da dívida continua se agravando", disse Mary Ann Hurley, que acompanha o mercado obrigatório para a DA Davidson. Ao mesmo tempo, "creio que a economia americana, que pode já estar em níveis de recessão, tem tendência a sofrer ainda mais", disse.
As cifras decepcionantes de emprego, publicadas na sexta-feira em Washington, reativaram as especulações sobre eventuais novas medidas do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Hurley, contudo, lembra que os "Estados Unidos não são a Grécia". "O país colocará suas contas em dia. O dólar continua sendo a moeda de proteção e, quando há muita insegurança, os investidores dirigem seus fundos para os Estados Unidos.