postado em 21/09/2011 07:30
Quem tem consulta médica marcada para hoje enfrentará sérios problemas quando chegar aos consultórios. Médicos de todo o Brasil ; com exceção de Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte ; vão recusar o atendimento por meio do plano de saúde em um protesto contra as operadoras. O boicote decorre de uma briga que se arrasta desde abril entre os profissionais e as empresas. Eles reclamam do baixo valor pago pelos serviços que prestam. No Distrito Federal, os maiores prejudicados serão os clientes da Bradesco Saúde, da Golden Cross, da Amil e da Sul América. Essas companhias concentram 211 mil conveniados, 40% do total de planos vigentes na capital do país.
A recusa, segundo a Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), se estenderá por 24 horas. Somente os casos de emergência serão atendidos. A paralisação valerá tanto para os consultórios quanto para os ambulatórios e hospitais. A principal reivindicação dos médicos é o reajuste no valor das consultas. Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, a média nacional paga pelos planos é de R$ 36 a R$ 40 por consulta. Os profissionais querem, no mínimo, R$ 60. Ele ressaltou que o protesto de hoje é um desdobramento da paralisação de abril, quando foi feito um alerta às operadoras sobre o desequilíbrio na relação entre os médicos e os convênios. ;Queremos um acordo sensato e cabível. De maneira nenhuma queremos prejudicar os pacientes;, afirmou.
A comissão calcula que há 1.044 operadoras de saúde suplementar em operando no país. Cerca de 46 milhões de brasileiros estão associados aos planos de saúde. Dos 347 mil médicos registrados no Conselho Federal de Medicina (CFM), 160 mil atendem por meio de convênios. No país, 80% das consultas são realizadas pelos planos e 20%, particulares.
Ao longo do dia de ontem, as empresas tentaram demover os médicos da paralisação. Segundo José Cechin, diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que tem como afiliadas a Amil, a Golden, a Bradesco e a Sul América, foram apresentadas duas propostas a representantes dos profissionais de saúde: um novo parâmetro de remuneração e uma terminologia única para os procedimentos a serem pagos ; atualmente, os nomes dos serviços variam de acordo com a região. A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e o CFM asseguraram, porém, desconhecer ;as negociações por parte das operadoras e das seguradoras relativas aos honorários médicos;.
Cechin informou que a unificação da terminologia está quase concluída. ;A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) já preparou a tabela com os 2 mil procedimentos médicos que serão seguidos pelas operadoras. Mas os valores ainda não foram discutidos pela FenaSaúde, pois cada empresa definirá os seus;, frisou. ;Essa prática aperfeiçoará o atendimento aos pacientes;, garantiu.
Quanto ao atendimento nesta quarta-feira, Cechin disse que as operadoras não têm programa de emergência, mas estão dispostas a resolver as reclamações. ;Os usuários, de fato, vão enfrentar problemas. Mas basta procurarem as empresas por telefone para tirar dúvidas e procurar a melhor solução;, afirmou. Aloísio Tibiriça, vice-presidente do CFM, destacou que a paralisação é para valer e justa. Ele admitiu avaliar possíveis propostas a serem apresentadas pelas empresas. Se até o fim deste mês não houver acordo, poderá haver novo protesto. ;Em 1; de outubro definiremos se ocorrerá uma terceira etapa da mobilização, que poderá durar até 72 horas. Isso, é claro, se tivermos uma resposta negativa das empresas de saúde;, previu.