Economia

Paralisação atinge 90% dos médicos que atendem planos de saúde no Rio

postado em 21/09/2011 15:32
Rio de Janeiro ; Pelo menos 10 mil médicos aderiram à paralisação de 24 horas no estado do Rio de Janeiro. O número representa 90% dos profissionais credenciados a planos de saúde no estado, segundo cálculos do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

No final da manhã desta quarta-feira (21/9), alguns representantes do movimento se reuniram em frente à sede da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na capital fluminense, para pressionar e exigir que a entidade reguladora intervenha no reajuste dos valores repassados pelas operadoras aos profissionais de saúde.

;No Rio de Janeiro, temos como tradição pressionar, todos os anos, as operadoras por um reajuste anual. Este ano, conseguimos definir [com representantes das operadoras de planos de saúde] como valor mínimo para consultas R$ 50 [valor a ser repassado para os médicos], mas os valores repassados para procedimentos de cirurgia estão aquém do necessário;, disse Márcia Rosa de Araújo, presidente do Cremerj.

Segundo a médica, a tabela de valores repassados por procedimentos cirúrgicos, como biópsias, endoscopias e partos, foi elaborada há mais de duas décadas e, desde então, passou por poucas modificações. ;A tabela está defasada. Os custos não estão sendo cobertos pelos honorários médicos. Tem que haver equilíbrio entre a operadora, o paciente e o médico. Não queremos acabar com o sistema, mas queremos um sistema justo de qualidade para o paciente;, acrescentou Márcia Araújo.

A ginecologista e obstetra Doris Mary Silveira disse que o repasse, no caso de um parto, por exemplo, gira em torno de R$ 270. Deste total, quase 30% são destinados ao instrumentador, um profissional com a mesma formação do médico contratado para a operação, mas que atua como auxiliar durante o procedimento.

;Uma colega médica, tão capacitada quanto eu, seria minha auxiliar em um parto pelo qual eu ia receber R$ 230. Ela teria praticamente a mesma função que a minha, pegaria um táxi até o hospital, poderia ter que esperar horas para receber uma porcentagem desse valor, cerca de R$ 90;, destacou. ;Muitas vezes, você está no consultório, com várias consultas e tem que deixar os pacientes marcados para fazer um parto que pode durar horas. Você vai e recebe o mesmo [valor] que receberia na tranquilidade do seu consultório com as consultas que já estavam marcadas;, lamentou a obstetra.

Em nota, a Agência Nacional de Saúde Suplementar reconheceu a legitimidade do movimento por melhores condições de remuneração dos profissionais de saúde, mas informou que ;não há previsão legal para a ANS determinar o percentual do reajuste de prestadores de serviços, inclusive de médicos;. O comunicado acrescenta que ;não há ineficiência ou omissão por parte da ANS e sim respeito à legalidade;.

A paralisação afeta apenas as consultas eletivas. O atendimento nas emergências está funcionando normalmente segundo o Cremerj. A partir de amanhã, os médicos retomam as atividades completamente, mas eles garantem que o movimento pode ser retomado a qualquer hora, se não receberem um posicionamento das autoridades da área de saúde.

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