postado em 23/09/2011 07:38
Washington ; Não durou muito a expectativa criada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) poderiam dar uma ajuda financeira à combalida economia da Europa. Reunidos ontem na capital norte-americana, os ministros de Finanças do grupo não anunciaram nenhuma medida concreta, limitando-se a recomendar o fortalecimento do Fundo Monetário Internacional (FMI e a prometer estreitar os laços entre os emergentes.
Sem novidades para divulgar, Mantega usou a entrevista após o encontro para devolver o problema aos europeus e cobrar dos dirigentes da Zona do Euro uma resposta rápida para a turbulência econômica. ;O epicentro da crise é hoje a União Europeia e os países europeus demoram para encontrar soluções;, declarou, revelando o temor que dominou a reunião dos ministros: ;a crise pode se agravar e envolver os Brics e os emergentes mais avançados;. A avaliação é que a situação ;inspira cuidados; e é cada vez maior a possibilidade de a turbulência se transformar ;numa nova crise financeira;.
;Corremos o risco de que o comércio mundial ser afetado, poderá haver uma redução dos preços das commodities, que vai enfraquecer o crescimento dos nossos países;, prosseguiu. Ele afirmou, no entanto, que esse cenário mais sombrio será evitado se os europeus agirem com maior rapidez. ;A cada dia que passa a crise fica mais ampla e mais custosa para ser resolvida;, disse. No seu entender, os dirigentes da Europa deveriam ainda ser ;mais ousados e cooperativos;.
Apoio ao FMI
Os ministros do Brics também consideraram importante reforçar o poder de fogo do FMI para que o organismo possa ajudar na solução dos problemas de endividamento dos países da Zona do Euro. ;O FMI tem que ter mais condições não só de surveillance (supervisão), mas capacidade financeira de enfrentar eventualmente um problema maior;, disse Mantega. Ele explicou que os integrantes do Brics estão ;abertos a considerar, se for necessário;, um apoio financeiro aos europeus, mas apenas por meio do FMI ou de outra instituição internacional, e, ainda assim, ;dependendo das circunstâncias individuais dos países membros;.
Ainda de acordo com Mantega, os ministros de Finanças concordaram em aumentar a integração entre os países emergentes, cujas economias estão em crescimento, ao contrário do que ocorre entre os desenvolvidos. ;Decidimos aumentar a atividade comercial e financeira e procurar sinergias entre os Brics, que hoje estão liderando o crescimento da economia mundial, disse.
Para ele, não há contradição entre esse propósito de estimular o comércio e o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados, anunciado pelo governo na semana passada, que atingiu em cheio fabricantes da China e da Coréia. Questionado pelos jornalistas, Mantega disse que a medida não tem caráter protecionista, mas de estímulo a investimentos. ;Não há restrição ao comércio;, alegou.
UE prepara resgate a bancos
O comissário europeu para o Mercado Interno, Michel Barnier, afirmou ontem que a União Europeia prepara um ambicioso plano para recapitalizar mais de 20 bancos da região, incluindo vários espanhóis. O resgate será feito em instituições consideradas frágeis, que precisam com urgência de novos fundos para suportar os efeitos da crise. ;Não podemos excluir a possibilidade de que alguns deles recebam ajuda do Estado. Muitos deles acumularam bônus milionários da Grécia e dos países com problemas da Eurozona (Irlanda, Portugal, Itália e Espanha);, justificou. O vice-presidente da Comissão Europeia, Joaquín Almunia, admitiu que ;infelizmente; a soma dos bancos que necessitam de uma injeção de recursos pode crescer.