Economia

Aumento do dólar pode encarecer a ceia de Natal dos brasileiros

Itens importados típicos da ceia de fim de ano dos brasileiros, como bacalhau, castanhas, vinhos e frutas cristalizadas, têm os preços regulados pela moeda norte-americana

postado em 24/09/2011 08:20
Pães e massas podem subir por causa da farinha de trigo importada
A escalada do dólar nas últimas semanas, em meio à turbulência internacional, pode encarecer a ceia de Natal dos brasileiros, composta em grande parte por alimentos importados, como vinhos, castanhas, azeite de oliva, bacalhau e frutas cristalizadas. A moeda norte-americana disparou no momento em que a maior parte dos importadores prepara os contratos de compra para que as mercadorias estejam nas prateleiras em dezembro. Além disso, produtos como pães e massas também podem ser afetados, já que metade do consumo nacional de farinha de trigo é atendida via importação, sobretudo da Argentina.

Adílson Carvalhal Júnior, presidente da Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba), afirmou que boa parte dos itens da ceia de Natal dos brasileiros está hoje nos portos. ;Com certeza haverá impacto nos preços, uma vez que são produtos muito sensíveis às oscilações do dólar e para os quais se adotam margens de lucro bem pequenas;, disse. Com relação aos derivados do trigo, Chiquinho Pereira, presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, diz não ter dúvida de que a farinha vai aumentar, mas espera ;que isso não prejudique o consumidor.;

Carlos Mielitz, professor do curso de pós-graduação em desenvolvimento rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acredita que o preço do pãozinho pode aumentar, mais por especulação, no entanto, do que por um motivo real. ;A cadeia produtiva pode aproveitar a valorização do dólar como justificativa para subir os preços, mesmo sem bases concretas;, ponderou. José Jofre, presidente do Sindicato da Indústria de Alimentação de Brasília (Siab), concorda. ;Infelizmente, quando a situação é oposta (de queda da divisa) os repasses não chegam para o consumidor;, lamentou.

Na avaliação de Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), caso a disparada do dólar se mantenha, os impactos na alimentação serão pontuais. ;A produção nacional consegue suprir a maior parte do consumo. Nós exportamos US$ 37 bilhões em alimentos, e importamos apenas US$ 4 bilhões. As exceções são produtos específicos como trigo e azeite;, disse. Klotz afirmou ainda que é cedo para se falar em repasse ao consumidor e que, se houver alguma alta, será por razões indiretas, tais como preços de máquinas, insumos e embalagens.

IPC-S desacelera
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) ficou em 0,58%, o que representa uma desaceleração de 1,1 ponto percentual em comparação com a semana anterior. O resultado é consequência, principalmente, da perda de fôlego dos preços dos alimentos (de 1,39% para 0,90%) e de educação, leitura e recreação (de 0,23% para 0,15%). Apesar da trégua, os números da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostram que cinco dos sete segmentos que têm seus preços apurados registraram aceleração: habitação (de 0,43% para 0,52%), vestuário (de 1,14% para 1,25%), despesas diversas (de 0,04% para 0,15%), saúde e cuidados pessoais (de 0,54% para 0,58%) e transportes (de 0,17% para 0,18%).

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