Economia

Antecipar 13º pode ser oportunidade para quitar dívidas

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 25/09/2011 08:00
Nesta época do ano, muitos bancos oferecem aos clientes empréstimos para antecipar o recebimento do 13; salário. Mas os especialistas advertem: essa operação é uma boa opção apenas para quem está endividado. E mais: somente vale a pena se os encargos da dívida forem maiores que os juros cobrados pelas instituições que liberam esse tipo de financiamento. Caso contrário, não compensa, explica o professor de Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (Eaesp/FGV), Fábio Gallo. ;Colocar a mão no salário extra do fim de ano antes da hora só é interessante se for para substituir uma dívida cara, como a do cheque especial ou a do cartão de crédito, por outra mais barata;, orienta.

Os bancos oferecem empréstimos para a antecipação do 13; salário tanto para empresas quanto para pessoas físicas. No caso dos trabalhadores, para ter acesso ao crédito, é preciso ser cliente da instituição financeira. As taxas cobradas ao mês variam de 2,9% na Caixa Econômica Federal a 4,55% no Banco do Brasil. Se o cliente estiver no cheque especial, que cobra juros mensais acima de 7%, em média, ou no crédito rotativo do cartão, cujas taxas giram em torno de 10% ao mês, tomar o empréstimo é vantajoso. ;A pessoa pode ficar sem dinheiro extra no fim do ano, mas, para quem está endividado e pagando juros altos, a prioridade absoluta deve ser a de se livrar da dívida;, recomenda Gallo.

As demais condições para esse tipo de operação são bem parecidas nos grandes bancos, como BB, Caixa, Itaú e Santander. Todos eles cobram, de uma só vez, o valor do crédito concedido, mais encargos financeiros, em uma prestação única, a vencer em 20 de dezembro, prazo máximo do pagamento do 13; salário pelas empresas. Por isso, o valor emprestado nunca chega a 100% do salário, ficando entre 75% e 90%, para que os juros possam caber no valor que o banco debitará da conta do cliente na data do vencimento.

Reserva
Para quem está com as finanças em ordem, o melhor é esperar o pagamento do 13; salário e fazer uma pequena poupança. Não é aconselhável sair gastando todo o dinheiro extra. ;Antes de comprar qualquer coisa, é preciso responder à seguinte pergunta: eu quero isso ou preciso disso?;, ensina o professor da FGV.

Mesma orientação dá o gerente nacional de Pessoa Física de Média e Alta Renda da Caixa Econômica Federal, Jorge Pedro de Lima Filho. ;O consumidor pode utilizar parte do 13; nas compras e festas de fim de ano, mas deve sempre deixar uma parcela substancial como reserva para cobrir necessidades futuras;, observa.

E essas necessidades, segundo Gallo, não estão tão distantes assim. A partir de janeiro ou fevereiro, começam os gastos escolares, como matrícula e material, e, em seguida, vem o vencimento de impostos como IPTU e IPVA. ;Esses gastos não são extras, pois sempre ocorrem no primeiro semestre. Caso as pessoas não façam um planejamento, são pegas de surpresa e, se já não estão endividadas, têm grandes chances de começar o ano devendo;, explica.

Poupança
Para quem quer se programar e ter uma reserva para as despesas de curto prazo, o melhor investimento ainda é a tradicional poupança. ;Dependendo do tempo que o dinheiro vai ficar depositado e do montante, a caderneta é imbatível;, diz o gerente da Caixa. Sobre a poupança não incidem Imposto de Renda nem taxa de administração. Já produtos mais sofisticados, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), letras hipotecárias e fundos de renda fixa, são aconselhados para quem tem mais de R$ 5 mil para aplicar e pode deixar o dinheiro no banco por mais tempo.

Aplicações aparentemente mais atrativas dependem também do conhecimento e da experiência do cliente bancário, observa o professor da FGV. ;Se é a primeira vez que ele vai investir, eu aconselho a poupança. Se já tem algum tipo de investimento, deve colocar mais recursos nele e assim por diante;, recomenda. De acordo com Gallo, os fundos DI, que acompanham a taxa básica de juros (Selic), são perversos para quem tem pouco dinheiro. A taxa de administração é alta e o Imposto de Renda come mais um pedaço do que deveria ser o lucro da operação.

Uma opção interessante pode ser a compra de títulos do governo no programa Tesouro Direto. Agora, se o cliente tem realmente intenção de guardar dinheiro a longo prazo, de olho na aposentadoria, por exemplo, um bom investimento pode ser um plano de previdência privada oferecido por seguradoras de bancos. O Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), uma das modalidades oferecidas, dá ao aplicador a vantagem de poder deduzir o valor das parcelas do Imposto de Renda até o limite de 12% do ganho bruto anual.

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