postado em 25/09/2011 14:27
O sinal verde para o concurso do Senado Federal ainda depende da aprovação da reforma administrativa em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas, para muitos candidatos, a disputa começou há quase três anos, logo depois que o resultado do certame de 2008 foi divulgado. A Casa Legislativa ocupa lugar de destaque na lista dos órgãos públicos mais cobiçados pelos concurseiros, com salários que podem chegar aR$ 20.900,13 para analista e R$ 16.563,02 para técnico. Na última seleção, organizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a relação candidato/vaga chegou a quatro dígitos em determinadas funções ; para o cargo de policial legislativo federal, por exemplo, foi de 1.196,50. Por isso, alunos e professores dos cursos preparatórios não duvidam: a seleção desta vez será ainda mais acirrada e com um grau maior de exigência.
O professor do Gran Cursos e especialista em provas discursivas João Dino dos Santos é taxativo: a redação pode decidir o certame. ;Ela é o grande desafio dos candidatos, principalmente em um concurso dessa envergadura. Se a FGV for novamente a banca escolhida, é preciso atenção redobrada e treinamento especial em relação aos comandos das questões objetivas, que são de múltipla escolha, o que dá maior margem para confusão e erros;, avalia. Santos recomenda que o candidato a analista legislativo esteja preparado para uma prova expositiva conceitual.
O professor lembra que, no concurso de 2008, a Constituição e as peculiaridades do sistema eleitoral majoritário foram cobradas. Ele também alerta que há grande possibilidade da exploração de temas como as etapas do processo legislativo. ;É importantíssimo que o candidato esteja por dentro dos assuntos discutidos no âmbito do Senado e da Câmara dos Deputados. As perguntas discursivas exigem tanto o domínio do português quanto do objeto explorado. Quem não conhece bem a língua não consegue discorrer bem, não sabe organizar o pensamento e não tem clareza na escrita;, assegura. Para as questões de interpretação de texto, Dino sugere que o candidato sempre leia o enunciado antes.
O especialista e professor em processo legislativo e regimento interno Jefferson Ribeiro pondera que ambos os conteúdos são cada dia mais explorados em provas da Câmara ou do Senado. Segundo ele, o regimento interno tem como norma complementar o processo legislativo, que detalha a tramitação das proposições da casa. O primeiro é um documento que dirige os trabalhos administrativos e os serviços legislativos. ;A partir da Constituição Federal, ele organiza o trâmite do processo legislativo, a conduta dos parlamentares e a composição dos órgãos da Casa. Conhecer esse funcionamento é fundamental para quem disputa uma vaga no Senado. Muitos candidatos deixam para estudar esses conteúdos em cima da hora, o que pode ser um erro determinante;, considera.
Ribeiro ressalta que a prova de 2008 exigiu muito do candidato em relação às normas internas da Câmara também. ;Várias matérias são apreciadas em sessão conjunta e é preciso dominar o regimento do Congresso Nacional como um todo, assim como o Código de Ética e o decoro parlamentar. Não tenho dúvidas de que esse conhecimento específico será exigido. Tivemos mais de 20 questões objetivas e uma discursiva no último certame;, lembra o professor, que também é servidor da Câmara.
Para o docente de direito administrativo da Vestconcursos Emerson Caetano, os concurseiros devem atentar para pontos como os princípios, a organização administrativa do Estado, os atos e as modalidades de contratos. A dica é procurar um bom material e fazer exercícios relacionados a tais tópicos. ;Candidatos que nunca tiveram contato com esse assunto, geralmente, encontram dificuldade em relação à terminologia e aos conceitos jurídicos. A matéria em si é simples, mas a concorrência é alta e o nível de exigência também. Sugiro que o candidato resolva as provas anteriores para ter uma noção;, indica.
A empresária Isabela Duarte, 29 anos, optou por um cursinho para intensificar os estudos. Ela conta que, desde 2009, tem se debruçado em livros para conseguir uma vaga de técnico legislativo. ;O conteúdo é extenso. Acordo às 5h todos os dias e estudo até as 8h. Trabalho pela manhã e, à tarde, vou para o cursinho. À noite, faço uma revisão das matérias. Também gosto de fazer simulados na internet e, quando estou cansada, procuro estudar ao ar livre; conta.
A bióloga Gianni Santos Sales, 26 anos, disputará uma vaga de analista legislativo e revela ter uma preocupação especial com os conteúdos de direito constitucional e regimento interno. ;Me assusto com os jargões que não conheço, mas procuro seguir um cronograma de estudos para me familiarizar. Tenho feito muitos exercícios e acho que é uma boa forma de aprender;, observa.
Mais vagas
Segundo informações da Agência Senado, a previsão é que o novo concurso disponibilize 180 vagas, incluindo formação de cadastro de reserva. A diretoria-geral do Senado estima que entre 300 a 400 servidores terão se aposentado até o fim deste ano. No último concurso, foram disponibilizadas 70 chances para analista e técnico legislativo em diversas áreas. À época, o exame foi composto por 80 perguntas objetivas para graduados e 70 para nível médio, além de questões discursivas nos dois casos. Foram cobradas disciplinas como língua portuguesa, inglês, espanhol, noções de informática, conhecimentos gerais e específicos.