Economia

Fazenda pede queda da Selic e Mantega diz que juro ideal é entre 2% e 3%

postado em 04/10/2011 08:12

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforçou ontem a campanha pela redução dos juros, promovida explicitamente por membros da equipe econômica e pela própria presidente Dilma Rousseff. Para ele, a taxa básica de juros ideal para o Brasil deve estar em níveis próximos aos praticados nos demais países emergentes ; entre 2% e 3% ao ano (atualmente a Selic figura em 12% ao ano). O ministro destacou, no entanto, que cabe ao Banco Central definir qual o momento para novos cortes.

;É óbvio que isso não pode ser atingido da noite para o dia. Não seria prudente. A inflação alta é tão ruim quanto o juro alto. Não queremos nem uma coisa nem outra;, comentou. Embora tenha reafirmado o papel do Comitê de Política Monetária (Copom) de agir quando ;achar que a situação é boa;, Mantega acredita que a Selic pode atingir níveis mais civilizados em um período de até três anos. Apesar da aceleração recente dos custos e das projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o ministro garantiu que a inflação está sob controle no Brasil.

Munição
A queda da Selic foi defendida por Mantega como um dos instrumentos para estimular a economia. O ministro reiterou ainda que, entre outras armas que podem ser utilizadas para combater a crise, sem ter que sacrificar o crescimento, estão o corte de impostos e a liberação de recursos por meio da redução dos depósitos bancários compulsórios. ;Se a crise se agravar, faltar financiamento para exportações, o BC pode baixar o compulsório, que acaba aumentando o crédito que os bancos têm para oferecer e ainda podemos fazer leilão de linhas para exportadores terem dinheiro para suas operações.; Ambas as medidas foram adotadas em 2008, após o agravamento da situação econômica internacional.

Em conjunto com a estratégia seguida anteriormente, outros recursos, como o volume de reservas internacionais, devem virar ;munição; nas mãos da equipe econômica. ;Temos uma situação fiscal sólida. Temos a possibilidade de, se necessário, fazermos política fiscal, reduzindo tributos, por exemplo. Mas, tudo isso, claro, se o cenário piorar;, ponderou.

Apesar da postura cautelosa, Mantega lembrou em tom otimista que, mesmo com as condições adversas da economia mundial, o Brasil continuará crescendo, gerando empregos e fortalecendo o mercado brasileiro. Ao falar para uma plateia de empresários, o ministro pediu a eles que ;continuem confiando e investindo, porque temos boas condições fiscais e vamos continuar a tê-las. Temos um mercado consumidor dinâmico, que não existe em outros lugares;.


Quarto ano de recessão
Epicentro da crise da dívida europeia, a Grécia deverá enfrentar o seu quarto ano consecutivo de recessão em 2012, com queda de 2,5% no Produto Interno Bruto. As projeções constam do projeto de orçamento para o ano que vem, apresentado ontem no parlamento grego. Um comunicado oficial destacou que ;com a continuidade do saneamento da economia grega e a recessão expressiva de 2011, com uma contração esperada do PIB de 5,5%, o ritmo da economia continuará sendo negativo em 2012, antes de uma recuperação prevista para 2013;. Em 2009, a produção de riquezas no país foi reduzida em 2% e, em 2010, a deterioração chegou a 4,5%. O endividamento do governo também avançará para 172,7% do PIB, segundo o orçamento, ante 161,8% em 2011.

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