Economia

Bolsas mundiais despencam após anúncios negativos da Eurozona

Agência France-Presse
postado em 04/10/2011 17:19
Luxemburgo - O anúncio de que a Grécia não cumprirá as metas de déficit - mesmo com as draconianas medidas de ajuste -, o novo atraso da ajuda financeira para o país e a nova contribuição contemplada para os bancos derrubam as bolsas mundiais nesta terça-feira (4/10).

Primeira vítima da crise da dívida na Europa, o banco franco-belga Dexia, que anunciou a possibilidade de cisão do grupo nesta terça-feira, chegou a perder um terço de seu valor na Bolsa de Paris nesta sessão. Com isso, as principais Bolsas europeias fecharam em forte queda. O índice DAX da Bolsa de Frankfurt apresentou queda de 2,98%, para os 5.376,78 pontos. O CAC 40 de Paris recuou 2,61%, fechando aos 2.850,55 pontos. A Bolsa de Londres, com seu índice Footsie-100 dos principais valores, perdeu 2,58%, a 4.944,44 pontos. O principal índice da Bolsa de Milão, o FTSE Mib, perdeu 2,72 pontos, encerrando a 14.244. O Ibex-35, da Bolsa de Madri, caiu 1,54%, a 8.225,4.

[SAIBAMAIS]A Bolsa de Atenas foi a que mais caiu, 6,28%, aos 730,33 pontos, seu nível mais baixo em 18 anos. Wall Street também seguia em forte baixa no momento do fechamento europeu.

Reunidos em Luxemburgo desde segunda-feira à noite, os ministros das Finanças da Eurozona voltaram a adiar a decisão de desbloquear 8 bilhões de euros em empréstimos para que Atenas evite a bancarrota. A reunião prevista para 13 de outubro foi "anulada" e o "Eurogrupo adotará uma decisão final durante o mês de outubro", se limitou a dizer o chefe dos ministros das Finanças da União Monetária, o luxemburguense Jean-Claude Juncker.

Os países da moeda única esperam as conclusões da ;troika; de credores da Grécia (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), que se encontram atualmente em Atenas para auditar os esforços do país. Este anúncio foi acompanhado por uma mensagem que pretendia ser tranquilizadora: a Grécia pode agentar até a "segunda semana de novembro" sem declarar o calote, disse o ministro belga Didier Reynders. A bancarrota, portanto, não acontecerá em outubro. Mesmo assim, o obstáculo ao segundo plano de ajuda à Grécia decidido em julho foi superado graças a um compromisso com a Finlândia, que pedia garantias gregas. Contudo, foram sobretudo as mensagens negativas que detiveram a atenção dos investidores.

Há um risco "muito alto" de que as finanças públicas gregas "desabem" e que não se possa evitar o contágio da crise, disse na terça-feira o ministro sueco Anders Borg, em Luxemburgo, onde se reuniu com seus homólogos da UE.

"Pedimos à Grécia para que aceite medidas adicionais" para 2013 e 2014, advertiu na noite anterior Jean-Claude Juncker. Ao mesmo tempo, a Eurozona tem pedido mais privatizações. Apesar das drásticas medidas de redução orçamentária do setor público prevista para 2012, Atenas alimentou os temores de calote ao anunciar no domingo que seu déficit público será este ano de 8,5% do PIB, volume muito acima da meta inicial de 7,4%. "O calote da Grécia será evitado", tentou tranquilizar Juncker. "Nada possibilitará a saída da Grécia da Eurozona".

A União Monetária está mais do que nunca sob pressão para encontrar uma solução para o caso grego. Depois dos Estados Unidos, que incita há semanas o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Econômica (FEEF) para os países frágeis, o Japão, preocupado com o iene - que tem se valorizado a patamares históricos -, exortou aos europeus a "aplicarem rapidamente o plano de ajuda à Grécia".

Em resposta, o Eurogrupo se contentou a confirmar que contempla reforçar o FEEF para torná-lo mais "eficaz". Juncker disse apenas que as soluções que não implicam ao BCE contavam no momento com o apoio de seus homólogos.

Juncker também confirmou o que os dirigentes europeus começam a admitir de maneira privada: é preciso levar em conta a deterioração da situação grega desde a reunião da Eurozona de 21 de julho, o que exige revisões técnicas à contribuição dos credores privados da Grécia, essencialmente os bancos.

Segundo Anders Borg, também é preciso "repensar maneiras de avançar mais rapidamente na criação de mecanismos de segurança para controlar a situação", principalmente mediante a recapitalização dos bancos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação