postado em 05/10/2011 07:24
Washington ; No dia em que o primeiro banco europeu, o franco-belga Dexia, quase foi à lona por conta do superendividamento da Grécia, o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse que os Estados Unidos apresentarão um crescimento lento do emprego e advertiu o Congresso norte-americano de que os cortes orçamentários vão atingir a recuperação do país, assim como as tensões financeiras globais. Ele não sabe até que ponto os EUA já foram afetados pela crise europeia, mas reconheceu que os riscos aumentaram. A seu ver, o país está a um passo de tropeçar.
;A exposição direta de nossos bancos à Grécia é mínima. Contudo, se houver um default (calote) e isso levar ao default de outros países ; ou aos bancos europeus ;, pode haver muita volatilidade financeira a nível global;, disse. ;Seria um risco muito sério caso isso ocorresse. É por isso que é extremamente importante que os europeus continuem no esforço para evitá-lo;, ressaltou. A fala de Bernanke ocorreu exatamente no momento em que aumentavam as preocupações com o impacto da crise da dívida europeia nos bancos da região e do mundo.
Panaceia
Bernanke reconheceu, contudo, que hoje há poucas dúvidas de que a crise de fato golpeou a confiança das famílias e das empresas norte-americanas, e que ela apresenta riscos para o crescimento. Ele disse que os recentes indicadores sobre a economia dos EUA apontam para a probabilidade de ;um letárgico crescimento do emprego; nos próximos meses. Ao mesmo tempo em que pediu aos legisladores para que façam o possível para impulsionar a recuperação do país, o chefe do Fed defendeu a urgência de um plano confiável para cortar os deficits de longo prazo.
O presidente do Fed disse que a instituição possui ferramentas para intervir no mercado e as usará caso a economia se debilite, mas chamou a atenção para a necessidade de respostas de outras lideranças econômicas. ;A política monetária pode ser uma ferramenta poderosa, mas não é a panaceia;, alertou Bernanke, ao defender as ações adotadas para baixar as taxas de juros de curto e longo prazos. Com muitas vozes pedindo severos cortes orçamentários, similares aos realizados por algumas nações europeias, a autoridade monetária dos EUA advertiu que isso poderia golpear a recuperação do país, que tem sido menos robusta do que desejava.
Divergências
Um supercomitê de legisladores dos partidos Republicano e Democrata no Congresso norte-americano está avaliando medidas para o corte do deficit público federal. Contudo, os parlamentares estão ainda muito longe de um acordo, particularmente no que se refere às elevações de impostos. Pior: as divergências estão aumentando à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 2012.