Agência France-Presse
postado em 05/10/2011 14:53
Curitiba - A fabricante de automotores francesa, Renault, anunciou nesta quarta-feira (5/10) um aumento da capacidade de produção no Brasil e diz que aposta forte nesse mercado, onde está presente há 14 anos.A Renault investirá 266 milhões de dólares (490 milhões de reais) em seu complexo industrial Ayrton Senna, situado em Curitiba, no Paraná, anunciou o presidente da empresa, Carlos Ghosn, que viajou à fábrica para a ocasião. O complexo industrial conta atualmente com uma usina de fabricação de veículos particulares, outra de fabricação de motores e uma terceira dedicada aos veículos utilitários, que a Renault compartilha com sua aliada japonesa Nissan.
A capacidade de produção da empresa (veículos particulares e utilitários) subirá progressivamente de 280.000 unidades por ano para 380.000, disse Ghosn. A Renault busca compensar seu atraso no Brasil, onde investiu muito desde 1997 mas só passou a ganhar dinheiro a partir de 2008. "Perdemos de cinco a seis anos", reconheceu Ghosn em um encontro com jornalistas. "Não trabalhamos bem no Brasil", completou.
A situação mudou com o lançamento ao final de 2007 da Sandero (vendido na Europa com a marca Dacia) que causou "sensação" segundo Ghosn. A Renault produz em Curitiba os modelos Sandero e seus derivados Sandero Stepway, Logan, Mégane segunda geração, Scenic primeira geração e o 4x4 Duster, lançado no mercado em outubro.
O anúncio acontece após a decisão do governo brasileiro de aumentar em 30% o imposto aos automóveis e caminhões importados que não tenham 65% da produção em território nacional ou do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), levando em conta que esses veículos já pagam fortes impostos.
[SAIBAMAIS]A Renault espera melhorar sua gama de carros para responder melhor às aspirações da população brasileira, de 190 milhões de habitantes, e que só conta com 30 milhões de automóveis em circulação. Apesar da crise internacional, o mercado automotivo brasileiro continua sendo atraente, com fortes perspectivas de crescimento e uma enorme cifra de pessoas que aspiram a comprar um carro. Assim, o Brasil se tornará este ano o segundo mercado da Renault, perdendo apenas para a França.
Treze novos modelos serão lançados nos próximos anos e a rede de concessionárias, que chegaria a 200 pontos de venda ao final do ano, será duplicada. A Renault espera assim aumentar sua participação de mercado, de 5% a 8% em 2016, enquanto que a de sua aliada Nissan aumentaria de 1,5% a 5%. A fabricante japonesa admitiu que estuda a possibilidade de abrir uma fábrica com capacidade de produção de 200.000 veículos no Brasil, um projeto que será oficializado esta semana no Rio de Janeiro.
A aliança Renault-Nissan se aproxima assim da americana Ford, que possui atualmente 10% de participação de mercado, mas que ainda está longe da italiana Fiat, da alemã Volkswagen e da americana General Motors, que dominam o mercado brasileiro com aproximadamente 20% cada um.