Agência France-Presse
postado em 06/10/2011 16:53
Washignton - O presidente americano, Barack Obama, acusou nesta quinta-feira (6/10) a China de "manipular o sistema de comércio a seu favor" e intervir nos mercados de câmbios para manter sua moeda artificialmente baixa com relação ao dólar. Obama disse em coletiva de imprensa que considera que os Estados Unidos poderiam ter uma "relação comercial benéfica" para as duas partes com Pequim. "O comércio é fantástico sempre e quando todos jogarem com as mesmas regras".Apesar de ter elogiado a "significativa transformação" da China e afirmar que as relações entre os dois países se estabilizaram "de forma saudável", Obama criticou com dureza as práticas comerciais de Pequim. "A China tem sido muito agressiva em manipular o sistema comercial para seu benefício próprio e em detrimento de outros países, particularmente dos Estados Unidos", disse.
"A manipulação da moeda é um exemplo disso, uma vez que a China intervém no mercado de câmbio de forma a levar sua moeda a valores inferiores aos que o mercado normalmente determinaria", disse Obama. "Isso faz suas exportações mais baratas, e nossas exportações (para China) mais caras. Temos visto alguma melhoria, uma ligeira apreciação no último ano. Mas não é o suficiente", disse.
Estas declarações chegam num momento em que o Senado decidiu dar por terminado o debate sobre um projeto de lei para castigar a China pela manipulação de sua moeda, o yuan, iniciativa que agora poderia ser votada na quinta-feira. Este projeto, motivado pela ira dos americanos ante sua débil economia e seu alto nível de desemprego (9,1%), estabelece as bases para que sejam penalizados bens chineses.
O Senado argumenta que isso ajudaria a criar empregos e a reduzir o enorme déficit comercial que mantém os Estados Unidos com a China. Apesar de a legislação poder ser aprovada no Senado, seu futuro parece incerto na Câmara de Representantes, cujo presidente republicano, John Boehner, assegurou que a "perigosa" medida não passará.
Em Washington, poucos discutem que a China mantém sua moeda artificialmente baixa frente ao dólar, o que deixa seus bens 30% mais baratos em média em relação aos produtos americanos equivalentes. Contudo, os que se opõem às sanções contra a China argumentam sobre o risco de declarar uma guerra comercial ao país asiático e advertem que uma eventual apreciação do yuan impulsionaria o setor manufatureiro - e consequentemente a criação de empregos - em países como Vietnã e Malásia, mas não nos Estados Unidos. Além disso, aqueles que se opõem às sanções asseguram que se o projeto de lei for aprovado, incrementaria o custo das matérias-primas e os produtos industrializados procedentes de China.