Agência France-Presse
postado em 07/10/2011 10:12
Londres - A agência de classificação financeira Moody;s reduziu nesta sexta-feira as notas de 12 bancos britânicos, alegando que o governo estaria menos propenso a ajudá-los em caso de necessidade.A decisão da agência de classificação financeira, dois dias depois de ter rebaixado em dois níveis as notas dos dois principais bancos privados italianos, UniCredit e Intesa Sanpaolo, coincide com o pedido a uma rápida recapitalização do setor a nível europeu.Entre as entidades afetadas figuram dois grandes bancos que receberam ajudas milionárias do Estado britânico durante a crise de 2008/09, o Lloyds Banking Group (LBG), que caiu de "Aa3" para "A1", e o Royal Bank of Scotland (RBS), que diminuiu dois degraus, de "Aa3" a "A2". Também sofreram reduções outros três bancos importantes: Santander UK (de "Aa3" a "A1"), Co-Operative Bank (de "A3" a "A2") e Nationwide Building Society (de "Aa3" a "A2").
Três grandes entidades britânicas, Barclays, HSBC e Standard Chartered, escaparam da redução. Outros sete bancos menores sofreram reduções entre um e cinco degraus. Em troca, três dos principais bancos do país, Barclays, HSBC e Standard Chartered, se livraram de um rebaixamento. "A Moody;s levou em conta uma diminuição da probabilidade de um respaldo financeiro do governo britânico em caso de necessidade", explicou a agência em um comunicado.
A Moody;s considerou que, com o atual clima de austeridade orçamentária, é mais provável que o governo deixe quebrar as entidades menores no caso de que elas tenham problemas para financiá-las", enquanto que os grandes bancos que apresentam um risco "sistêmico" deverão continuar beneficiando-se de "um certo nível de respaldo". Segundo a agência, no entanto, sua decisão "não reflete uma deterioração da solidez financeira" do sistema bancário britânico.
A Moody;s anunciou em maio que estava estudando rebaixar as notas dos bancos britânicos, pois o plano de ajuste adotado pelo governo tornava menos aceitável um novo resgate do setor financeiro as custas do contribuinte. O ministro das Finanças, George Osborne, afirmou à BBC que apesar da degradação, os bancos britânicos "não estão sofrendo os mesmo problemas pelos quais passam alguns dos bancos da Eurozona".
Os principais bancos de Portugal, um dos países com mais problemas da Eurozona, também viram sua nota de longo prazo rebaixada pela Moody;s. A agência reduziu em um degrau a classificação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Banco Espírito Santo (BES) a "Ba2" e em dois níveis a do Banco Comercial Português ("Ba3") e ao Banco BPI ("Ba2"). No total, a Moody;s revisou o rating de nove entidades que examinava desde julho. Todas conservam uma perspectiva negativa, o que implica que a agência não descarta revisá-las novamente para baixo no curto prazo.
Segundo a agência, o Estado português, debilitado pela situação financeira atual, poderia ter mais dificuldades para socorrê-los caso seus problemas se agravem. A Moody;s baseou sua decisão no fato de que os balanços contábeis dos bancos mantêm uma importante quantidade de dívida de Portugal, considerada mais arriscada desde o recente rebaixamento da dívida soberana do país a "Ba2", na escala especulativa.
A agência Standard and Poor;s, por sua vez, reduziu em um degrau a nota do grupo bancário franco-belga Dexia, para ;A-;, à espera do resultado de uma reestruturação anunciada, e justificou sua decisão alegando dificuldades do mercado interbancário que restringem a capacidade das entidades para refinanciarem-se.
Neste delicado contexto, a Comissão Europeia anunciou nesta sexta-feira sua vontade de apresentar "nos próximos dias" uma proposta de ação coordenada de recapitalização dos bancos para fazer frente à propagação da crise da dívida.