Economia

Europa não se entende sobre ajuda a bancos

postado em 08/10/2011 11:41
Berlim %u2014 No momento em que a Alemanha e a França buscam uma forma de socorrer os bancos europeus, eles voltaram a ficar sob o fogo cruzado das discussões sobre a dívida pública dos países da região. A degradação da nota de várias instituições portuguesas e britânicas pela agência de classificação de risco Moody%u2019s não fez mais que mostrar, na opinião de analistas, a urgência de uma atuação firme das autoridades a fim de evitar uma crise generalizada do setor bancário. Contudo, há fortes divergências entre os dirigentes sobre como salvar o sistema financeiro do bloco. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, vão se reunir no domingo para resolver as diferenças quanto ao procedimento de recapitalização que deve ser adotado. %u201CBerlim quer que cada Estado nacional seja responsável por injetar capital nos bancos, enquanto Paris quer uma intervenção coordenada por meio do fundo de resgate europeu%u201D, afirmou uma fonte europeia. A França teme que, ao intervir em seus bancos, aumente sua dívida e, por isso, tenha sua nota soberana %u201CAAA%u201D rebaixada, a exemplo dos Estados Unidos e vizinhos da Zona do Euro. Contudo, apesar do vaivém das negociações, Sarkozy trabalhou para colocar panos quentes sobre as discordâncias. %u201CNão há nenhuma divergência franco-alemã%u201D, assegurou o ministério francês de Finanças. Até que a situação se resolva, as discussões na Europa prometem emoções fortes. Merkel disse que há uma ordem a ser seguida: os bancos devem primeiro tentar encontrar capital por si só, antes de se dirigirem aos cofres públicos. Para ela, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef) só poderá ser utilizado caso o Estado não seja capaz de financiar as instituições. Estados Unidos Enquanto as discussões patinam, a dívidas soberanas perdem foco. %u201CNeste momento, a Grécia não é mais o problema. O problema são os bancos%u201D, confessou um diplomata europeu. Ele confirmou o objetivo de alcançar um %u201Cconsenso%u201D sobre o socorro e um calendário na reunião de dirigentes dos países da União Europeia e da Zona do Euro em 17 e 18 de outubro, em Bruxelas. Outro assunto que gera divergências é o montante necessário para a recapitalização. Uma fonte ligada ao processo estima que o número se aproxime de 100 bilhões de euros. Apesar do alarido que causaram na quinta-feira, as medidas de apoio excepcionais anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE) não tiveram um efeito milagroso. Dados da instituição mostraram que os depósitos noturnos dos bancos no BCE entre quinta-feira e sexta-feira alcançaram novo recorde anual, sinal de que a desconfiança prossegue. Para que o crédito e, consequentemente, a economia funcionem bem, os bancos devem emprestar dinheiro e obter remuneração entre si, no lugar de depositá-lo no BCE, o último recurso. A propagação da crise da dívida na economia real é um cenário temido principalmente pelos Estados Unidos, que não param de exigir medidas mais contundentes por parte dos europeus. Os bancos norte-americanos possuem cerca de 480 bilhões de euros em títulos públicos da Grécia, da Espanha, da Irlanda e de Portugal. Bélgica quer Dexia estatal O governo da Bélgica quer tomar o controle das operações belgas do banco Dexia tão logo seja concluída a divisão do grupo, informaram representantes de sindicatos após reunião com o premiê do país. %u201CO governo quer dar novas garantias e se tornar o dono da instituição e das atividades relacionadas ao banco. O primeiro-ministro confirmou que está disposto a oferecer a funcionários garantia de emprego de longo prazo%u201D, divulgaram os sindicalistas. No início da semana, Bélgica e França se comprometeram em garantir um financiamento para o Dexia, diante da forte desvalorização de suas ações em razão dos títulos podres da dívida pública grega em sua carteira.

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