Economia

Bolsas sobem e Europa adia cúpula sobre plano contra a crise mundial

Agência France-Presse
postado em 10/10/2011 14:59
Londres - As principais bolsas europeias subiram nesta segunda-feira (10/10) impulsionadas pelo compromisso de França e Alemanha de garantir a recapitalização dos bancos, enquanto a União Europeia adiou para 23 de outubro a cúpula para preparar sua resposta à crise da dívida. Os mercados acolheram também positivamente a solução anunciada para o grupo bancário Dexia, maior instituição financeira europeia vítima desta crise.

Londres fechou com alta de 1,8%, Paris de 2,13%, Frankfurt de 3,02% e Milão de 3,67%. Madri, afetada pela decisão da Fitch de rebaixar a nota da dívida soberana de Espanha e Itália na sexta-feira, subiu 1,07%. O pregão na praça de Madri foi marcado pela alta da cotação das ações do Banco Pastos (%2b21,05%), depois do anúncio do apoio de seus principais acionistas à oferta de compra do Banco Popular.

Às 16h GMT (13h de Brasília), a bolsa nova-iorquina, que opera nesta segunda-feira apesar de ser feriado nos Estados Unidos, também operava em alta, com o Dow Jones a %2b2,48% e o Nasdaq a %2b3,13%. "Os investidores ganharam confiança com o resgate do banco franco-belga em apuros Dexia e com a promessa de Angela Merkel e Nicolas Sarkozy de darem soluções duradouras para os problemas da Zona Euro até o fim do mês", afirmou o analista Joshua Raymond, da City Index.

Os líderes das duas maiores economias da Zona Euro, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, se compremeteram no domingo a "resolver os problemas" da Europa rapidamente e, particularmente, em recapitalizar os bancos que sofrem com a crise da dívida.

Os dois prometeram propostas "rápidas" com a esperança de que a Europa chegue "unida e com os problemas resolvidos" à cúpula do G20, que será realizada em 3 e 4 de novembro em Cannes (sul da França).

Nesse contexto, a cúpula da União Europeia (UE) e da Zona Euro, prevista para 17 e 18 de outubro, foi adiada para 23 de outubro com o objetivo de dar mais tempo para os Estados prepararem uma resposta. "Esta nova data vai nos permitir concluir uma estratégia global sobre a crise da dívida na Zona Euro", argumentou o presidente da UE, Herman Van Rompuy, no comunicado no qual anunciou o adiamento.

A nova vontade europeia coincidiu com a solução anunciada pelos governos belga, francês e de Luxemburgo para o Dexia, que vai ser desmantelado à espera do plano de recapitalização de todo o setor. As ações do banco, cujas negociações estavam suspensas desde quinta-feira nas bolsas de Paris e Bruxelas, voltaram a ser negociadas nesta segunda-feira. Depois de cair cerca de 36% na retomada da praça belga, os papéis do Dexia chegaram a ganhar até 6,96%, antes de encerrar o pregão com baixa de 4,73%.

O conselho de administração do Dexia aceitou que o Estado belga assuma o controle total de sua filial local, o Dexia Banque Belgique (DBB), por cerca de 4 bilhões de euros (5,4 bilhões de dólares).

[SAIBAMAIS]Por outro lado, investidores vinculados à família real do Qatar comprarão a parte de Luxemburgo do banco por um montante não revelado, enquanto o Estado terá uma participação de 150 milhões de euros, e o futuro da filial francesa será negociado com os bancos públicos Caisse des Dépôts (CDC) e Banque Postale.

Além disso, os três países concordaram em criar um "banco ruim", para isolar os ativos de alto risco da entidade em títulos de dívida. Os três países se comprometeram a aportar uma garantia de cerca de 90 bilhões de euros (60,5% da Bélgica, 36,5% da França e 3% de Luxemburgo) para financiar essa instituição.

O comissário europeu de concorrência, Joaquín Almunia, expressou sua satisfação nesta segunda-feira pelo "efeito estabilizador" deste acordo "para o sistema financeiro em geral". O euro também subia frente ao dólar nesta segunda-feira. Às 16h06 GMT (13h06 de Brasília) atingiu seu pico no dia a 1,3699 dólar, um nível que não alcançava desde 21 de setembro.

Chris Weston, do IG Markets, advertiu, no entanto, sobre o entusiasmo excessivo. "As agências de classificação de risco continuam olhando com crítica todas as partes envolvidas, e poderão rebaixar mais notas, o que daria (aos investidores) uma desculpa adequada para apertar mais uma vez o botão das vendas", afirmou.

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