Economia

Indicador do BC registra contração da economia de 0,53% em agosto

postado em 14/10/2011 07:57
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Atingida em pleno voo pela crise internacional, a economia brasileira deve andar para trás no terceiro trimestre. A hipótese de um resultado negativo ficou mais provável ontem, com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país).

O indicador registrou queda de 0,53% em agosto e de 0,19% em três meses, o que reforça os argumentos do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que o Brasil será contaminado pelas turbulências nos países desenvolvidos. Analistas apontam também fatores internos, que minam as possibilidades de crescimento. Entre eles, o elevado endividamento dos brasileiros e a inflação em alta, que corrói o orçamento das famílias.

A despeito do discurso otimista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acredita em expansão de até 4% neste ano, quem está habituado a fazer as contas garante que a retração apontada pelo BC acendeu um sinal de alerta. ;O PIB do terceiro trimestre será zero ou algo um pouco abaixo disso. Se um resultado ruim assim se repetir no último trimestre do ano, até mesmo a projeção do BC, de 3,5% no ano, estará comprometida;, avaliou Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. Dois trimestres seguidos de contração configuram tecnicamente um período de recessão. Por enquanto, o IBC-Br acumula 3,43% no ano e 4,07% em 12 meses, mas o desempenho agregado vai minguar daqui para a frente.

Para Mantega, o resultado de agosto estava nas previsões oficiais, mas a intenção das medidas recentes do governo era apenas diminuir o ritmo de expansão para segurar a inflação, e não paralisar o país. Em Paris, onde vai participar da reunião do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), ele assegurou que, apesar do baque, a economia brasileira vai acelerar no quarto trimestre. De acordo com analistas ouvidos pelo Correio, a cada indicador divulgado, crescem as chances de que o PIB do último trimestre seja negativo.

Na avaliação de Constantin Jancso, do Banco HSBC, o país já enfrenta uma ;recessão industrial; e, em outros setores, como serviços e comércio, a velocidade do crescimento é moderada. ;O desempenho de agosto é consistente com a visão pessimista do BC sobre a economia;, observou. Para ele, a tendência de retração do PIB no terceiro trimestre é cada vez mais forte. Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, explica que a queda da atividade alcançou seis dos 10 grandes setores que formam o PIB e, além do comércio, que recuou 2,3% entre julho e agosto, o recuo da agropecuária ajudou a afundar o IBC-Br.

Cenário

;As informações reveladas no último mês mostraram uma intensificação do processo de desaceleração. Sua intensidade dependerá da evolução do cenário internacional;, argumentou Bicalho. ;A redução dos juros iniciada pelo BC em agosto tende a suavizar parte desse impacto, especialmente em 2012.;

Com as perspectivas cada vez piores para o fim do ano, o BC pode intensificar os cortes nos juros básicos (Selic) para 0,75 ou até 1 ponto percentual em novembro. Para outubro, calcula Inês Filipa, economista-chefe da corretora Icap Brasil, a autoridade monetária deve cumprir o que sinalizou e reduzir apenas 0,50 ponto. No mercado futuro, a maioria dos investidores também aposta numa diminuição desse tamanho.

Pior que o previsto

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de agosto foi pior do que a previsão da maioria dos analistas de mercado, que esperava um tombo menor, de 0,40%. Para o Bradesco, o desempenho negativo em 0,53% se explica, principalmente, pelo recuo nas vendas do varejo, o que levou a instituição a apostar em 0,6% de queda para o período, número igual ao do Itaú Unibanco. Já o Espírito Santo Investment Bank projetava 0,5%.

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