Jornal Correio Braziliense

Economia

Chances de retração ecônomica na Zona do Euro crescem de 30% para 40%

Os temores crescentes com a escalada da crise da dívida soberana e com o colapso no sistema financeiro da Zona do Euro aumentaram de 30% para 40% as chances de contração nas economias da região. Uma pesquisa realizada pela Reuters na semana passada, com 70 economistas, apontou a probabilidade maior de uma forte retração na atividade na União Europeia. Dos analistas ouvidos, 10 previram a recessão, fenômeno definido tecnicamente como dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB). Na sondagem do mês passado, não havia estimativa tão negativa.

;Indicadores importantes apontam para condições econômicas mais fracas. As sondagens de confiança têm se deteriorado por setores-chaves da economia da Zona do Euro, em meio a um cenário de incerteza elevada e tensões no mercado financeiro;, afirmou Ken Wattret, do Banco BNP Paribas. As previsões para 2012 não são as melhores. A estagnação é provavelmente o melhor que muitas das maiores economias do mundo desenvolvido podem esperar para o próximo ano, com vários países enfrentando uma chance significativa de recuo no PIB. A Itália, por exemplo, sacudida por impasses políticos, medidas de austeridade e temores do mercado sobre sua capacidade de financiamento, é forte candidata à recessão.

Após um início promissor, 2011 se transformou em uma enorme decepção para as principais economias do mundo rico, prejudicado por uma combinação nociva de austeridade, crises da dívida, desastres naturais e impasse político. No segundo
trimestre de 2011, a economia da Zona do Euro, no seu conjunto, cresceu apenas 0,2%. Neste trimestre, a depender das opiniões dos economistas, não haverá crescimento na região. Para o primeiro trimestre de 2012, a projeção é de expansão de 0,2%, ante projeção anterior de alta de 0,3%.

Estados Unidos
Reforçada pelos números fracos da balança comercial da China, que apontavam para uma profunda fraqueza global econômica, a pesquisa trimestral de outubro sugeriu que um surto de crescimento fraco em muitas economias industrializadas pode ir além de 2012. A economia mundial deve crescer 3,8% em 2011, mas apenas 3,6% no próximo ano ; um contraste diante das previsões de 4,1% e 4,3%, respectivamente, da pesquisa de julho. Mas mesmo essas mornas taxas de expansão podem depender do progresso na remoção de alguns dos obstáculos, como os entraves que seguram os Estados Unidos.

O crescimento econômico norte-americano deve se recuperar um pouco no fim do ano, mas os analistas ainda veem uma chance em três de a economia voltar à recessão. Dados recentes mais fortes que o esperado de emprego e crescimento amenizaram os temores de contração. ;Saímos do abismo. Os dados que estamos vendo sugerem certamente que a economia não está em queda livre;, disse o economista-chefe do Raymond James, Scott Brown. Contudo, a pesquisa Reuters apontou para uma economia cambaleando após um primeiro semestre fraco, com o desemprego em torno de 9% até o fim do ano que vem.