Agência France-Presse
postado em 14/10/2011 15:03
Madri - A Espanha não deverá alcançar este ano nem sua meta de crescimento nem de redução do déficit, dizem analistas de mercado um dia após o país ter tido novamente rebaixada sua nota soberana na quinta-feira (13/10).Uma semana depois do rebaixamento da agência de classificação financeira Fitch, foi a vez de sua competidora Standard and Poor;s reduzir a nota do país. Enquanto que a primeira havia rebaixado a nota da Espanha em dois níveis, de ;AA%2b; para ;AA-;, a segunda reduziu a nota do país em apenas um nível, de ;AA; para ;AA-;, mas ambas a colocaram em perspectiva negativa, o que pode levar a novas reduções no médio prazo.
Uma terceira agência, a Moody;s, deverá provavelmente rebaixar a nota espanhola até o final de outubro, como ameaça fazer desde o final de julho. As razões são quase as mesmas para todas: um crescimento ruim, finanças regionais abaladas e um setor bancário frágil desde a bolha imobiliária do final de 2008. Além disso, pesam nas decisões da agências o aumento da dívida privada e das famílias.
A ministra da Economia da Espanha, Elena Salgado, se poupou nesta sexta-feira de criticar a Standard and Poor;s, considerando, contudo, que esta decisão se deve sobretudo à "situação da tensão financeira global" e que as "agências deveriam deixar se influenciar menos pelas condições da economia espanhola". Contudo, nada faz crer realmente que o crescimento espanhol alcançará em 2011 os 1,3% previstos pelo governo. Até mesmo a ministra já admitiu essa realidade ao reconhecer que "se fosse feita hoje, a previsão seria diferente".
"Tudo aponta para que (o crescimento) fique em 0,7 ou 0,8%, aproximadamente 60% da meta", disse Daniel Pingarrón, analista da corretora IG Markets. Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) como o Banco da Espanha e Standard and Poor;s apostam em um crescimento de 0,8%. "A principal razão para a redução é o desemprego recorde entre os países industrializados, de 20,89%, que está tirando o poder de consumo", disse David Fernández, analista de Tressis.
A redução do déficit público é também um elemento muito vigiado pelos mercados: após uma queda até 11,1% do PIB em 2009, o governo foi um bom aluno em 2010, reconduzindo-o como havia previsto para 9,3%. Agora a cifra aponta para 6% em 2011 e 4,4% em 2012.
Para a Standard and Poor;s, o déficit será de 6,2% este ano e de 5% no próximo ano. "As culpadas são as comunidades autônomas", disse Daniel Pingarrón, segundo o qual os objetivos do déficit do Estado central serão cumpridos.
As 17 regiões espanholas, que dispõem de uma grande autonomia, são uma fonte recorrente de incertezas para os mercados, devido a seu grande endividamento, que representava 133,172 bilhões de euros ao final de junho, ou 12,4% do PIB do país, um recorde histórico.