postado em 15/10/2011 10:58
Maior vitorioso em soluções de controvérsias na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil conta com o tempo para anular protestos no órgão feitos por países atingidos pelo aumento de até 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros importados. Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Austrália e União Europeia protocolaram queixas ontem, durante reunião regular do Comitê de Acesso ao Mercado do organismo que julga as controvérsias internacionais, surpreendendo a representação brasileira.
Enquanto esses países se preparam para fazer contestação formal à barreira comercial brasileira, o Palácio do Planalto nega o protecionismo e ressalta que a medida é uma defesa comercial temporária. O representante do Brasil na sede da OMC, em Genebra, embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, já declarou que o país não entrou em contradição ao buscar proteção de mercado para fábricas de automóveis localizadas em território nacional. Ele disse que as reclamações em curso são ;apenas rotina;.
Mas, fora do governo, as opiniões são divergentes. ;O retrocesso na abertura comercial do setor automotivo é, sim, motivo para um protesto formal na OMC;, avaliou Ruy Coutinho, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e especialista em defesa da concorrência. A favor do Brasil, contudo, consta o fato de que um painel definitivo contra a medida não deverá sair antes do seu período de vigência, até dezembro de 2012.
O mercado acredita que todas as ameaças dos exportadores, sobretudo asiáticos, acabarão fazendo parte de um amplo processo de negociação com o governo em torno da instalação de novas fábricas em território nacional.
Abuso
Em virtude da barreira aos carros importados, sobretudo chineses e coreanos, a imprensa estrangeira chegou a ironizar as críticas da presidente Dilma Rousseff contra o protecionismo comercial. Ontem, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, criticou o forte avanço do protecionismo global, agravado pelo uso abusivo de medidas antidumping. ;Diante da situação atual dos mercados financeiros, a comunidade internacional deveria estar unida como passageiros de um mesmo barco;, declarou.
KIA REAJUSTA PREÇOS EM 8,41%
Em razão do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 30 pontos percentuais maior para modelos importados desde 15 de setembro, a Kia Motors do Brasil decidiu reajustar sua tabela de preços. A montadora coreana informou que, em média, os valores sugeridos ficaram 8,41% mais caros depois da medida do governo. Contudo, o setor vendeu mais que o previsto em setembro, mesmo após o aumento da carga tributária. Os filiados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) comercializaram 22.569 unidades no mês passado, 10,5% mais do que as 20.420 de agosto. Segundo o presidente da entidade, José Luiz Gandini, os números excederam as expectativas originais, de até 18 mil unidades. O anúncio do aumento do IPI acabou impelindo os consumidores a uma corrida às concessionárias, em busca de estoques com preços sem remarcação.