postado em 17/10/2011 18:54
LISBOA - As novas medidas de austeridade previstas para o orçamento de 2012 provocarão uma recessão da economia portuguesa de 2,8% do PIB, mais acentuada que o previsto, anunciou nesta segunda-feira o ministro das Finanças Vitor Gaspar. Contrários a essas medidas de ajuste, os sindicatos convocaram uma greve geral.A deterioração da situação econômica no mundo "trará consigo uma contração do PIB de 2,8%, contra 1,9% este ano", declarou o ministro ao apresentar o orçamento de 2012, marcado por um ajuste maior, em uma coletiva de imprensa. Até agora, o governo esperava uma contração da atividade de 2,3% do PIB em 2012 e de 1,8% este ano. O Banco de Portugal esperava um retrocesso de 2,2% em 2012 e de 1,9% em 2011.
O ministro disse que desde o início do ano, o governo se desviou de sua meta de déficit em 3,4 bilhões de euros. Segundo ele, isso exigirá medidas mais rigorosas que as previstas pelo plano de ajuda de 78 bilhões de euros acordado por Portugal com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional em maio. "É evidente que o ponto de partida do orçamento (2012) é muito mais desfavorável" que o contemplado no programa de assistência financeira, disse.
Com isso, os principais sindicatos portugueses, DGTP e UGT, convocaram uma greve geral, cuja data será definida na quarta-feira. "Decidimos propor as direções do CGTP e do UGT a realização de uma greve geral", anunciou o secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho, no final da reunião com seu homólogo da UGT, João Proença.
A última greve geral em Portugal aconteceu no dia 24 de novembro em protesto contra a política de austeridade realizada na época pelo governo de José Sócrates.
Com a assistência financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional desde maio, Portugal é pressionado a realizar reformas no período de três anos para pagar o empréstimo de 78 bilhões de euros. Para alcançar o déficit previsto do PIB até o final de 2012, Passos Coelho anunciou a supressão temporária dos pagamentos extras dos funcionários públicos e pensionistas que ganham mais de 1.000 euros e o aumento da jornada de trabalho no setor privado.
O desemprego já afeta 12,3% da população ativa, e milhares de portugueses saíram às ruas no sábado para protestar contra as novas medidas, marcando da jornada mundial dos "indignados". Os novos cortes são inevitáveis, afirma o Diário Econômico, ao mesmo tempo em que questiona se "estes sacrifícios resolverão os problemas", quando a recessão da economia portuguesa já "é mais profunda do que prevista".
Segundo o Jornal de Negócios, o governo enfrenta uma diminuição de 2,5 até 3% do PIB. "Teremos que rezar para que o país não caia em uma recessão profunda em que as receitas diminuam com cada plano de austeridade, em uma espiral bem conhecida pelos economistas", ressalta Francisco Murteira Nabo, em sua coluna.
Em resposta aos que o acusam de "matar a economia", Passos Coelho reconheceu que o efeito recessivo da austeridade é inevitável, "mas nunca foi visto uma sociedade sobreviver e crescer se endividando em níveis insustentáveis", defendeu-se.