Economia

Protestos e greve na Grécia ampliam preocupação da Eurozona

Agência France-Presse
postado em 20/10/2011 15:29
ATENAS - Manifestações e greves paralisaram a Grécia pelo segundo dia seguido. O país aguarda a votação no Parlamento de um novo ajuste, exigido pelos mercados que pressionam os países da Eurozona antes da reunião decisiva de domingo para acabar com a crise da dívida.

Violentos confrontos aconteceram em frente ao Parlamento de Atenas entre manifestantes e a polícia durante uma passeata de 50.000 pessoas contra as medidas de austeridade.

O Parlamento grego prevê votar na tarde desta quinta-feira o novo plano de medidas do governo do socialista Giorgos Papandreu.

A aprovação destas medidas é uma das exigências para o desbloqueio de um novo pacote de ajuda de 8 bilhões de euros, correspondentes a sexta e última parcela do crédito de 110 bilhões concedido em maio de 2010 pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o objetivo de evitar a quebra do país.

O relatório da troika de credores da Grécia (UE, FMI e Banco Central Europeu), que condiciona a entrega desta nova injeção, foi entregue aos governos da zona do euro na quarta-feira à noite, segundo fontes europeias.

A dívida grega alcançou 142,8% em 2010, e deve ultrapassar os 172,7% em 2012, de acordo com o projeto orçamentário para o próximo ano.

O futuro da Grécia e de toda a zona do euro, que vive a pior crise desde sua criação em 1999, será definido no domingo em Bruxelas. Os líderes do bloco se reunirão com o compromisso de dar uma resposta definitiva ao problema das dívidas soberanas.

As incertezas sobre a capacidade dos líderes europeus de encontrarem soluções para a longa crise que se aprofunda e ameaça o sistema bancário e a economia global, manifestaram-se nos mercados nesta quinta-feira.

Com isso, as principais Bolsas europeias registraram fortes quedas nesta sessão. Na Bolsa de Londres, o índice Footsie-100 perdeu 1,21%, a 5.384,68 pontos. O CAC 40 da Bolsa de Paris perdeu 2,32%, fechando aos 3.084,07 pontos. Já o principal índice da Bolsa de Frankfurt, o DAX, perdeu 2,49%, aos 5.766,48 pontos. O Ibex 35 da Bolsa de Madri também apresentou uma sessão ruim, perdendo 2,73%, aos 8.608,20 pontos. Já o principal índice da Bolsa de Milão, o FTSE Mib, recuou 3,78%, aos 15.678 pontos, derrubado pelos papeis dos bancários.

Aparentemente, as diferenças entre as maiores economias do bloco teriam sido superadas depois do encontro da quarta-feira entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês Nicolas Sarkozy em Frankfurt.

Outros líderes europeus se reuniram com a diretora do FMI, Christine Lagarde.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Sch;uble, assegurou que entre França e Alemanha já existe um "acordo total" sobre as medidas a serem adotadas. Contudo, ainda não há "uma solução europeia".

Segundo uma carta enviada a um grupo de deputados alemães pelo secretário de Estado das Finanças Steffen Kampeter, as principais diferenças giram em torno da definição exata das competências do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

O FEEF deverá assumir a compra no mercado secundário de títulos emitidos pelos países em dificuldades, uma tarefa assumida, até o momento, pelo Banco Central Europeu (BCE).

Sobre os demais instrumentos do FEEF, em especial a recapitalização dos bancos europeus, Alemanha e seus sócios estão de acordo, informou Kampeter.

"Além da definição sobre os instrumentos novos, uma melhora da eficiência do FEEF será estudada", disse por e-mail. "Diversas variantes estão sendo consideradas, e permitiriam uma segurança parcial dos títulos emitidos no futuro pelos países da zona euro em dificuldade", acrescentou.

Um mecanismo deste tipo permitiria exercer um efeito em cascata, ou seja, multiplicaria a capacidade de ajuda do Fundo, dotado atualmente de 440 bilhões de euros para empréstimo.

Por sua vez, após baixar a nota da Espanha, a agência de classificação Moody;s cortou a nota de várias regiões autônomas e de importantes bancos espanhóis, entre eles os gigantes Santander e BBVA.

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