Economia

Eurozona aprova liberação de ajuda à Grécia; país espera por aval do FMI

Agência France-Presse
postado em 21/10/2011 20:34
BRUXELAS - Os ministros das Finanças da Eurozona deram sinal verde nesta sexta-feira à entrega de um novo lote de ajuda à Grécia, mas disseram considerar que a situação macroeconômica deste país tem se "deteriorado". A Grécia espera agora pela aprovação do FMI para receber a ajuda, anunciou o Eurogrupo em um comunicado enviado ao término de mais de sete horas de reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo.

"Aprovamos o desembolso do próximo lote de ajuda financeira à Grécia no contexto do atual programa de ajuste econômico", mas ainda dependemos "da aprovação do conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI)", disseram os ministros, que projetam ainda um segundo programa de ajuda para a Grécia. Caso o FMI, segundo principal credor da Grécia, também aprove a ajuda, o lote deve ser entregue na primeira metade de novembro.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, recomendará ao Conselho de Administração da instituição que aprove a entrega do novo lote de ajuda à Grécia, informaram à AFP fontes próximas à dirigente.

Ao todo, devem ser liberados 8 bilhões de euros, correspondentes ao sexto e último lote de um pacote total de 110 bilhões de euros, aprovado em maio do ano passado pela União Europeia e pelo FMI. Deste último lote, 5,8 bilhões correspondem à UE e 2,2 bilhões ao FMI.

Esta nova injeção é imprescindível para salvar da quebra a Grécia, cujo Parlamento aprovou na quinta-feira o último lote de medidas de ajuste draconianas para cumprir as exigências de seus credores. "É um bom sinal de que somos capazes de tomar decisões", disse a ministra das Finanças espanhola, Elena Salgado, ao término da reunião.

"Tudo o que estamos fazendo é para evitar o contágio", disse Salgado.

Antes da reunião de líderes prevista para a quarta-feira, a Eurozona terá que entrar num acordo sobre uma nova ajuda à Grécia para fazer sua dívida se tornar "sustentável". Para isso, estima-se que seja ampliado um perdão da dívida do país superior aos 21% acordados em julho. Especialistas já falam de um perdão de 50% da dívida.

Animadas com a possibilidade de uma solução para a crise europeia, as principais bolsas europeias fecharam a semana com fortes altas. Em Frankfurt, o índice Dax 30 ganhou 3,55%, a 5.970,96 pontos. O Ibex 35 de Madri subiu 2,84% a 8.853 pontos. Em Paris, o CAC 40 ganhou 2,83%, a 3.171,34 pontos. Em Londres, o Footsie-100 ganhou 1,93% a 5.488,65 unidades.

Os europeus, no entanto, seguem divididos sobre as respostas para por fim à crise da dívida. "O impacto exterior é desastroso" para Europa, admitiu o chefe dos ministros das Finanças da Eurozona, Jean-Claude Juncker. "Realmente não demos o exemplo de uma liderança que funciona bem", lamentou.

Fortemente divididos, França e Alemanha precisam chegar a um acordo sobre o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), principal arma para lutar contra o contágio da dívida em economias grandes da Eurozona, como Itália ou Espanha.

França, cada vez mais isolada, propõe o abastecimento do Fundo com empréstimos do Banco Central Europeu (BCE), enquanto que a Alemanha defende que o fundo funcione como uma assegurador parcial dos bônus soberanos dos países afetados pela dívida. Para Elena Salgado, "seria bom que o BCE tivesse um papel mais ativo, mas a curto prazo temos que considerar outras possibilidades".

O ministro das Finanças francês, François Baroin, afirmou ao término da reunião que "estamos em uma boa direção, levando em conta os diferentes pontos de vista". Segundo um diplomata europeu, a França teme perder sua máxima classificação creditícia (AAA).

A pressão europeia também aumenta por parte dos sócios como China e Estados Unidos, para que a Europa dê uma solução que ponha fim de uma vez por todas à crise da dívida, que ameaça os bancos expostos às dívidas soberanas dos países em dificuldades e a economia mundial.

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