Jornal Correio Braziliense

Economia

Mantega estima queda da inflação nos próximos meses

Apesar da opção feita pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica em manter o crescimento da economia a qualquer custo, mesmo que seja com inflação elevada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que controlar a carestia é um dos principais objetivos do governo. Ao falar para estudantes de pós-graduação em uma faculdade em Campinas, São Paulo, o chefe da pasta lamentou a disparada dos preços no resto do mundo, mas garantiu que no Brasil as pressões estão começando a ceder.

;Infelizmente, tivemos um surto de inflação mundial, no qual países como o Reino Unido terão uma elevação de preços de 5% e crescimento de 1%. Aqui, se olhamos para o acumulado de 7,3% (em 12 meses), vemos o passado. Ao olhar para frente, o IPCA já está caindo e devemos terminar este ano com ele no limite superior da meta (6,5%), afirmou. O ministro reforçou a avaliação do governo de que a crise internacional e a desaceleração da demanda externa farão o trabalho de controlar a carestia. Para ele, se a redução do custo das commodities (produtos básicos com cotação internacional, como soja e minério de ferro) se confirmar, as pressões inflacionárias reduzirão ainda mais.

Preparo
Embora a desaceleração comprometa a expansão da economia, Mantega afirmou que o país está preparado para enfrentar um eventual aprofundamento da crise. ;Temos o que falta no resto dos países: uma demanda construída pela classe média e que gera mais empregos no mundo;, comentou, referindo-se ao intenso fluxo de mercadorias importadas que chega ao Brasil. O aumento de desembarques, segundo o ministro, justifica ações adotadas pelo governo ; como a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos percentuais. ;E o Brasil continuará tomando medidas. Sem elas, no câmbio, o dólar estaria abaixo de R$ 1,30;, garantiu.

Mantega aproveitou a plateia para antecipar o que a sua equipe preparou para a reunião do G-20 (grupo das vinte maiores economias do planeta), marcada para novembro. Destacou que pedirá uma solução para os problemas relacionados à crise europeia, especialmente o endividamento grego. ;Temos pela frente a possibilidade de uma crise soberana, se não, no limite, de uma nova crise financeira. Hoje, o epicentro é a Europa e o calcanhar de aquiles, a Grécia, que tem dificuldade para administrar sua dívida soberana;, disse. Para ele, a recuperação da economia ocorrerá em um prazo de até 4 anos.

O ministro lembrou que as projeções de crescimento para as economias avançadas são próximas de zero (no caso da Europa), enquanto as estimativas para o Brasil e a China são de 3,8% e 9,5%, respectivamente. ;As economias emergentes, mais dinâmicas, não foram afetadas até agora, mas se a crise se aprofundar, também chegará aos emergentes, mas estamos prontos;, concluiu.