postado em 22/10/2011 08:00
Bruxelas ; O empenho da França em usar mais dinheiro do Banco Central Europeu (BCE) para combater a crise de endividamento da Zona do Euro encontra forte resistência da Alemanha e de outros países da União Europeia (UE), deixando Paris cada vez mais isolada na véspera da cúpula deste domingo, na qual os líderes tentarão encontrar uma saída para pôr fim à turbulência econômica na região. A rixa entre as duas maiores potências da Europa já forçou a realização de uma cúpula extra na próxima quarta-feira para tentar adotar uma estratégia abrangente de combate à crise. O chefe do grupo de ministros de Economia da união monetária, Jean-Claude Juncker, reconheu ontem que ;as divergências passam uma imagem desastrosa; e mostram que a crise está afetando a Europa perante o mundo. O novo calendário obrigou a UE a adiar uma cúpula com a China que estava marcada para a próxima terça-feira, motivando queixas do premiê chinês, Wen Jiabao.
Proibição
Fontes europeias disseram ontem que Berlim e Paris ainda estavam em desacordo em dois elementos fundamentais do plano para construir uma linha de isolamento de crise ao redor da Grécia e estabilizar os mercados de bônus: como ampliar o fundo de resgate das economias fragilizadas e de que maneira reduzir a dívida grega.
Após uma reunião em Frankfurt na quarta-feira, Sarkozy pareceu estar isolado na tentativa de transformar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (Feef) em um banco capaz de ter acesso a recursos do Banco Central Europeu (BCE) e, segundo as fontes, terá de recuar. A Alemanha, o próprio BCE e a Comissão Europeia argumentaram que a medida violaria a regra, estabelecida no tratado que criou a UE, que proíbe o banco de financiar governos.
;O caminho está fechado para o uso do BCE para aliviar problemas de liquidez;, afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel, à sua bancada parlamentar conservadora em Berlim, segundo os participantes de uma reunião fechada. Um porta-voz do governo alemão garantiu que as medidas mais importantes no encontro de duas partes só serão tomadas na quarta-feira, já que Merkel precisa obter apoio do parlamento alemão para decisões sobre o Feef.
Como primeiro passo, os líderes das 27 nações da UE estão decididos a definir, neste domingo, um plano para reforçar a base de capital dos bancos, e também podem iniciar um processo de longo prazo de reformas na governança econômica da Zona do Euro, com a imposição de limites mais rígidos para os deficits orçamentários dos países. Os bancos europeus serão obrigados a aumentar seu capital para um nível mínimo equivalente a 9% dos créditos, o que exigiria pouco menos de 100 bilhões de euros. Os bancos que não puderem levantar recursos no mercado terão de recorrer aos governos nacionais. A França quer um prazo de pelo menos nove meses para atingir a meta.
Fundo pode garantir bônus
Os líderes europeus vão discutir a utilização do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (Feef) para garantir uma parte das eventuais perdas dos investidores com títulos públicos da Zona do Euro, uma maneira de tentar restaurar a confiança e convencer o mercado de que os bônus italianos e espanhóis são seguros para comprar. Garantindo um terço ou um quinto de cada emissão de dívida, os recursos disponíveis do Feef aumentariam de três a cinco vezes mais, para cerca de 1 trilhão de euros.