Economia

Dados da economia brasileira são melhores que os de países desenvolvidos

postado em 22/10/2011 08:00
Apesar de apresentar indicadores econômicos melhores que muitos países desenvolvidos, o Brasil continua pagando juros elevadíssimos na venda de seus títulos prefixados.

Na quinta-feira, o governo leiloou Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) por taxas médias de 10,79% e 11,58%, respectivamente. O prêmio oferecido aos compradores dos papéis prefixados de 10 anos da dívida brasileira só perde para os emitidos recentemente por Grécia (24,15%) e Portugal (12,16%), mercados que estão à beira do colapso.

Para o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos, o aparente disparate, que não reflete os riscos da economia real do Brasil, se deve a uma razão simples: os elevados juros básicos (Selic) do país, atualmente em 11,5% ao ano. ;Pagamos juros bem maiores que o próprio risco do país, levando nossos papéis a oferecer rendimento maior até mesmo que os gregos;, diz. Ele ressalta que, apesar de o Banco Central (BC) estar baixando a taxa em virtude da piora do cenário internacional, o valor atual é insuficiente para fazer a inflação convergir para o centro da meta (4,5%) em 2012.

;Temos uma clara contradição: bons indicadores do país retratam em parte os pesados juros que tornam títulos do Tesouro atraentes;, sublinha Jason Vieira, estrategista da Cruzeiro do Sul Corretora.

Segundo ele, a taxa de juro real brasileira (5,5%), a maior do mundo, revela bem os limites da festejada robustez macroeconômica. O percentual ; diferença entre a Selic e a inflação futura ; é mais do que o dobro da verificada na Hungria, segunda colocada do ranking (veja tabela). Nem o corte de meio ponto percentual na Selic, promovido pelo BC nesta semana, tirou o primeiro lugar do Brasil.

Apenas de janeiro a agosto, o país pagou R$ 160,2 bilhões em juros, o maior montante no período. No acumulado em 12 meses, o total passa de R$ 230,5 bilhões. Para Vieira, a dívida líquida do governo como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), hoje em 39%, deveria ser o indicador observado na fixação do rendimento dos títulos. A dívida da Grécia, por exemplo, equivale a uma vez e meia o seu PIB. ;As coisas não são tão simples assim. Estamos longe de embarcar na recessão europeia, mas cresceremos de 3% a 4% nos próximos anos, abaixo da média dos emergentes;, lamenta.

Os títulos brasileiros prefixados têm diferentes datas de vencimento, que variam de 2012 a 2045. Os valores nominais de cada papel podem variar conforme flutuações na Selic, o que faz dos bônus longos mais arriscados. Apesar disso, analistas lembram que, em tempos de crise e turbulências nas bolsas de valores, as aplicações oferecidas pelo Tesouro são as preferidas de quem quer rentabilidade e segurança

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