Economia

Europa renegocia participação do setor privado no resgate da Grécia

Agência France-Presse
postado em 22/10/2011 15:01
BRUXELAS - A Europa renegocia um segundo pacote de ajuda à Grécia, com uma participação "substancial" do setor privado, antes de um encontro neste sábado entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, para impulsionar uma solução à crise da dívida.

O novo plano contempla "novamente um esforço substancial da Grécia, esforços dos países europeus e um esforço do setor privado (bancos)" anunciou o ministro belga, Didier Reynder, à margem da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, Ecofin, celebrada neste sábado em Bruxelas.

A "hipótese" de trabalho "contempla um perdão de 50%" do valor da dívida grega, segundo uma fonte europeia, quantidade muito superior aos 21% acordados em 21 de julho.

O luxemburguense Jean-Claude Juncker, chefe do grupo que reúne os 17 ministros de Finanças da Eurozona, reconheceu que neste sábado que deve haver um aumento "substancial" da contribuição dos bancos para o resgate da Grécia. "Fizemos um acordo ontem (sexta-feira) e decidimos que deve haver um aumento na contribuição dos bancos" ao resgate da Grécia, mediante uma depreciação dos empréstimos, declarou Juncker à imprensa durante sua chegada à reunião de ministros de Finanças dos 27 países da União Europeia, que se celebra neste sábado em Bruxelas.

Juncker confirmou que o perdão deve ser de ao menos 50%, muito superior aos 21% acordado em 21 de julho com o setor bancário.

Segundo um relatório da Troika - credores da Grécia (Europa e FMI) -, é necessário um perdão de 50 ou 60% para que se estabilize a dívida grega sem necessidade de aumentar em proporções gigantescas os empréstimos internacionais já prometidos.

Em troca, está prevista a recapitalização dos bancos europeus expostos à dívida grega entre 80 bilhões e 100 bilhões de euros, estimados pela Autoridade Bancária Europeia. "Está claro que precisamos de cortes na dívida grega", reconheceu o ministro sueco das Finanças, Anders Borg.

Os europeus, no entanto, seguem divididos sobre as respostas para por fim à crise da dívida. "O impacto exterior é desastroso" para Europa, admitiu o chefe dos ministros das Finanças da Eurozona, Jean-Claude Juncker. "Realmente não demos o exemplo de uma liderança que funciona bem", lamentou.

Fortemente divididos, França e Alemanha precisam chegar a um acordo sobre o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), principal arma para lutar contra o contágio da dívida em economias grandes da Eurozona, como Itália ou Espanha.

A França propunha o abastecimento do Fundo com empréstimos do Banco Central Europeu (BCE), enquanto que a Alemanha defende que o fundo funcione como uma assegurador parcial dos bônus soberanos dos países afetados pela dívida. Contudo, a proposta francesa para ligar o FEEF ao Banco Central Europeu (BCE) foi excluída, assegurou o ministro das Finanças holandês, Jan Kees de Jager, à imprensa neste sábado, em Bruxelas.

Para Elena Salgado, "seria bom que o BCE tivesse um papel mais ativo, mas a curto prazo temos que considerar outras possibilidades".

A pressão europeia também aumenta por parte dos sócios como China e Estados Unidos, para que a Europa dê uma solução que ponha fim de uma vez por todas à crise da dívida, que ameaça os bancos expostos às dívidas soberanas dos países em dificuldades e a economia mundial.

Na sexta-feira, os ministros das Finanças da Eurozona deram sinal verde à entrega de um novo lote de ajuda à Grécia, mas disseram considerar que a situação macroeconômica deste país tem se "deteriorado". A Grécia espera agora pela aprovação do FMI para receber a ajuda, anunciou o Eurogrupo em um comunicado enviado ao término de mais de sete horas de reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo na sexta-feira. "Aprovamos o desembolso do próximo lote de ajuda financeira à Grécia no contexto do atual programa de ajuste econômico", mas ainda dependemos "da aprovação do conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI)", disseram os ministros, que projetam ainda um segundo programa de ajuda para a Grécia.

Caso o FMI, segundo principal credor da Grécia, também aprove a ajuda, o lote deve ser entregue na primeira metade de novembro.

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