Agência France-Presse
postado em 23/10/2011 12:29
BRUXELAS - Os dirigentes europeus aumentaram a pressão ao chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, para que este ponha a economia de seu país em ordem e cumpra com suas promessas de equilibrar o orçamento.O líder italiano reuniu-se na manhã deste domingo com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, antes do início da reunião de dirigentes europeus, num momento em que Roma está sob pressão crescente de seus sócios para reduzir seu déficit. "Nunca perdi uma desafio em minha vida", exasperou Berlusconi à saída da reunião.
Especialistas, no entanto, dizem que Berlusconi está perdendo credibilidade entre seus sócios europeus, que lhe sugerem que siga o exemplo da Espanha, que tem tomado drásticas medidas de austeridade para paliar o déficit de suas contas. "Creio que o mesmo deve fazer a Itália com o apoio da população italiana", disse o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, cujo país não integra a Eurozona, mas é tido como exemplo por ter conseguido equilibrar sua economia. "O país tem muito a ganhar se empreender a reforma estrutural correta", disse Reinfeldt.
A Itália tem despertado uma irritação crescente de seus sócios europeus, que duvidam da capacidade do governo de Berlusconi para manter suas finanças sob controle e teme que o país provoque uma crise grave na Eurozona.
Nos últimos dias tem crescido o temor de que a Itália seja a próxima vítima a ser arrastada pela crise, que já golpeou Grécia, Irlanda e Portugal. "A ideia é pressionar Berlusconi", disse um diplomata.
O descontentamento aumenta no momento em que a Eurozona busca proteger a Itália e a Espanha do contágio da crise da dívida, reforçando a capacidade de intervenção do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o FEEF. De olho nos mercados, Itália adotou em julho e em setembro medidas de austeridade que deveriam permitir ao país alcançar o equilíbrio orçamentário para 2013 e reduzir sua colossal dívida de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB).
Na semana passada, a Comissão Europeia já advertiu a Itália para que o país iniciasse seu programa de cortes no gasto público e de reformas estruturais "de maneira urgente". Ao ser interrogado se havia conseguido convencer a Merkel, Berlusconi respondeu: "creio que sim".
O primeiro-ministro italiano se reuniu anteriormente com dirigentes conservadores em Bruxelas, onde apresentou seu plano de austeridade, recentemente aprovado pelo Parlamento italiano.
Segundo um dos participantes da reunião, Berlusconi se mostrou muito reservado sobre as medidas que planeja implantar. Outro participante da reunião disse à AFP que dirigentes europeus questionaram a capacidade da Itália para por em marcha seu plano de austeridade prometido para equilibrar o orçamento em 2013, que inclui a adoção de medidas de ajuste draconianas.
A Standard and Poor;s reduziu a nota da dívida italiana no final de setembro, e duas outras grandes agências de classificação financeira, Moody;s e Fitch, reduziram na semana passada a nota soberana do país.
Os empresários europeus também têm demonstrado grande preocupação.
O diretor-geral da federação de Confindustria, Giampaolo Galli, advertiu no início do mês sobre um "alerta de tsunamis" financeiros e problemas para obter créditos.
Berlusconi, que acaba de cumprir 75 anos, também está debilitado em seu país por uma série de escândalos sexuais, tendo sido acusado de ter pagado pelos serviços sexuais de uma menor de idade, Ruby, apelido de Karima El Mahroug, de nacionalidade marroquina.