Economia

Unimed perde cerca de 18 mil usuários e corre o risco de fechar as portas

postado em 25/10/2011 07:47

A Unimed Brasília levou um duro golpe. Após conclusão de processo administrativo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou a transferência dos cerca de 18 mil usuários do plano de saúde na capital federal ; muitos deles servidores públicos ; para outra empresa. De acordo com a resolução operacional n; 1.095, publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira, a alienação da carteira de clientes deve ocorrer em até 30 dias. A direção da Unimed alega ser vítima de ;decisão arbitrária; e informou que vai recorrer da decisão.

No artigo primeiro da resolução, a ANS justifica a medida ;considerando as anormalidades econômico financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento à saúde;. Em janeiro deste ano, segundo a agência, a Unimed Brasília acumulava capital circulante líquido negativo de R$ 94 milhões e insuficiência de recursos próprios na ordem de R$ 82 milhões. ;A empresa não conseguiu se reerguer e nem foi vislumbrada essa possibilidade. Pelo contrário, a situação estava só piorando;, comentou o diretor adjunto de Normas e Habilitação da ANS, Leandro Fonseca.

A situação financeira da Unimed em Brasília se agravou no ano passado. O integrante da agência responsável por acompanhar as contas da empresa verificou incapacidade de mudança de cenário. ;Nitidamente, houve problema de gestão. É impressionante como uma operadora com carteira de clientes tão significativa, em uma cidade dona da maior renda per capita do país, tenha deixado a situação chegar a esse ponto;, completou Fonseca. Segundo ele, a partir do momento em que as dificuldades financeiras ficaram constatadas, a venda da carteira de clientes virou uma ;tendência natural;, para se evitar que tanta gente seja deixada na mão de uma hora para outra.

Sempre que alguma operadora apresenta problemas do ponto de vista econômico-financeiro, a ANS interfere para garantir a assistência dos segurados. A alienação não significa o encerramento das atividades da Unimed na capital do país. Se a empresa não obtiver êxito na Justiça e a transferência de clientes para outra operadora for mantida, o próximo passo será verificar se há dívidas com a rede prestadora de serviços (clínicas e hospitais). Em caso de pendências, ocorrerá a liquidação extrajudicial da empresa. Sem dívidas, o cancelamento do registro será imediato e a operadora deixará de atuar no mercado.

Por enquanto, a Unimed é obrigada a manter o atendimento de seus milhares de usuários. Ao saber pelo Correio que a empresa acionará a Justiça na tentativa de reverter a decisão, Fonseca reforçou que ;motivos bastante fortes; levaram a ANS a publicar a resolução operacional n; 1.095. ;De forma alguma há interesse da agência em perseguir determinada gestão ou operadora. Fazemos o nosso trabalho com base em dados;, disse. ;O nosso maior interesse neste momento é preservar a assistência do beneficiário;, completou.

Caso haja alguma recusa no atendimento em clínicas e hospitais, o usuário deve denunciar à ANS pelo telefone 0800 701 9656, e a Unimed poderá ser ainda mais penalizada. A cabeleireira Iracema de Matos, 57 anos, cliente da operadora há dois anos, não enfrentou problema ao marcar consultas e exames na última semana. ;Sempre soube das dificuldades financeiras da empresa, mas, até agora, está tudo tranquilo;, contou ela, que descobriu um câncer de mama quatro anos atrás e depende do plano de saúde para dar continuidade ao tratamento.

[SAIBAMAIS]O servidor público Olímpio Santos, 56 anos, conseguiu ser atendido na tarde de ontem. No entanto, ficou preocupado com a notícia de alienação da carteira de clientes da Unimed, apesar de não se surpreender. ;É uma pena, mas fica claro que há falhas na gestão e falta padronização das unidades da empresa no país. Em Brasília, o sistema parece não ter dado certo;, avaliou. Ele paga quase R$ 1 mil por mês pelo plano dele e o da mulher.

Rede de 300 cooperados

A Unimed Brasília foi fundada em 26 de Março de 1978 e conta com cerca de 300 médicos cooperados, que atendem nas mais diversas especialidades em consultórios próprios e em salas do Hospital Planalto, na 914 Sul.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação