Economia

1 trilhão de euros contra a crise europeia e perdão de 50% da dívida grega

postado em 27/10/2011 07:39

Deputados italianos do governo e da oposição trocam socos no parlamento durante a discussão do programa de reformas destinado a recuperar o crescimento e controlar a dívida pública do país Bruxelas ; Os países europeus em dificuldades poderão contar com cerca de 1 trilhão de euros para evitar que suas economias sejam contagiadas pela turbulência financeira que já vitimou a Grécia e ameaça se espalhar para outras regiões do continente. O aumento da capacidade do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), que atualmente dispõe de 440 bilhões de euros, foi uma das decisões tomadas ontem pelos líderes da União Europeia (UE) para impedir que o colapso grego contagie as economias altamente endividadas de Portugal, Espanha e Itália. No encontro, eles aprovaram também um plano de capitalização dos bancos europeus, que serão chamados, com outros credores, a perdoar uma parte substancial da dívida grega.

Os governos querem que sejam cancelados 50% da dívida, que alcança 200 bilhões de euros, cerca de 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas um acordo só deverá ser concretizado em novembro. As negociações com as instituições financeiras serão conduzidas pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. O tamanho do desconto que será concedido aos gregos vai determinar o valor da recapitalização dos bancos, mas a estimativa é que eles precisem de 106 bilhões de euros para sobreviver.

Pelo que ficou acertado entre os 27 chefes de governo da UE, o capital próprio dos bancos terá que chegar a pelo menos 9% de seus ativos em 30 de junho de 2012 ; atualmente a proporção é de 5%. Para isso, as instituições precisarão levantar recursos no mercado privado, ;incluindo as reestruturações e a conversão da dívidas em capital;, diz o texto do documento discutido pelos líderes. Até que a exigência seja cumprida, haverá restrições para a distribuição de dividendos aos acionistas e o pagamento de bônus aos executivos.

O aumento do poder de fogo do fundo de resgate europeu poderá contar com a ajuda de países emergentes, como a China, segundo disseram fontes governamentais à Agência France-Presse. ;A França é favorável a essa participação e (o presidente francês Nicolas) Sarkozy irá telefonar ao (chefe de Estado chinês) Hu Jintao;, disse a fonte. De acordo com essa fonte diplomática, Brasil e Rússia também concordam em participar do programa, desde que a ajuda seja feita por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A ampliação do Feef é fundamental para que a Itália, terceira maior economia da Zona do Euro, possa ser blindada contra a crise. Para garantir a ajuda que evitaria a bancarrota, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi prometeu, em carta enviada aos seus parceiros da UE, adotar até 15 de novembro um pacote de reformas para impulsionar o crescimento e controlar a gigantesca dívida pública do país, de 1,9 trilhão de euros. O dirigente prometeu medidas para reduzir a burocracia e modernizar a administração estatal visando melhorar as condições para empresas, além de levantar 5 bilhões de euros anualmente com a venda de propriedades estatais. Um dos pontos mais polêmicos desse programa é o aumento para 67 anos da idade mínima da aposentadoria, tema que vem causando um candente debate na sociedade italiana.

Ontem, deputados italianos chegaram a trocar socos no parlamento durante a discussão do programa de reformas, o que levou a sessão a ser suspensa por vários minutos. A briga começou por causa das sarcásticas declarações feitas na televisão pelo líder de um dos partidos de oposição, Gianfranco Fini: ele disse que a mulher do líder da Liga Norte, Umberto Bossi, aliado de Berlusconi, havia se aposentado aos 39 anos de idade.

Concentração
de renda nos EUA

Relatório divulgado ontem pelo governo dos Estados Unidos mostra que, desde 1979, a renda dos norte-americanos mais ricos subiu 15 vezes mais rápido que a dos pobres. Segundo o documento do Escritório de Orçamento do Congresso, o 1% dos norte-americanos mais ricos mais que dobrou a participação na renda nacional entre 1979 e 2002, de 8% para 17%. Nesse período, a renda dos mais ricos aumentou 275%, enquanto a dos 20% mais pobres subiu somente 18%. A piora na distribuição de renda é um dos motivos dos movimentos de protesto que têm se espalhado pelo país.

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