Economia

OCDE derruba a precisão do PIB e causa mal-estar no governo brasileiro

Rosana Hessel
postado em 27/10/2011 07:55

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez previsões mais pessimistas do que o governo brasileiro para a economia do país. A entidade, criada há 50 anos e formada por 34 países-membros, estima uma taxa de 3,6% para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional neste ano e de 3,5% em 2012. Mas os números divulgados ontem em Brasília não agradaram o Ministério da Fazenda, que ainda mantém a meta de expansão de 4% para 2011 e, na contramão de todas as previsões, mantém a projeção otimista de um avanço de 5% para o ano que vem.

O secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, rechaçou o estudo em tom bastante firme e agressivo. ;Vamos descartá-lo, absolutamente;, afirmou. ;O modelo não está bom, a equação não é boa;, comentou. A declaração provocou um mal-estar durante a apresentação do estudo na sede do Ministério da Fazenda.

Inflação
As estimativas feitas pela OCDE para a inflação também contrastaram com as do governo, aumentando a ira contra o organismo. O organismo internacional trabalha com projeções de alta dos preços de 6,5% para este ano, mas a Fazenda ainda estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegue de 5,8%. Holland não poupou críticas. ;A OCDE utiliza métodos extremamente antigos, arcaicos, para medir a inflação. Eles continuam acreditando que esse crescimento da taxa continuará igual, mas houve uma mudança da estrutura da economia;, acrescentou o secretário, após elogiar o novo modelo adotado pelo Banco Central, conhecido pela sigla Samba, para realizar as projeções.

O chefe de gabinete da Secretaria-Geral da OCDE, Marcos Boturi, justificou as projeções mais pessimistas pela piora do cenário externo previsto no estudo, dados muito mais graves do que as projeções feitas pela Fazenda. ;Estamos trabalhando com queda no crescimento do PIB em vários países desenvolvidos no terceiro trimestre deste ano;, assegurou.

Ao lado de Butori, a economista principal do escritório da entidade responsável por Brasil e Indonésia, Annabelle Mourougane, tentou rebater as críticas do governo brasileiro, mas em um tom mais ameno. Os técnicos da OCDE buscaram destacar a qualidade da pesquisa, argumentando que se trata de ;um conjunto de recomendações; para ajudar o governo a tomar decisões.

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