Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 28/10/2011 08:43
O Banco Central está vendo o mundo com óculos escuros. O cenário sombrio, descrito na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, foi repetido no documento divulgado ontem, referente ao encontro da semana passada, no qual o BC explica os motivos para a queda de mais 0,50 ponto percentual na taxa de juros frente a uma inflação ainda em alta no mercado interno. Para o BC o ambiente econômico carrega um nível de incerteza ;acima do usual; e o cenário externo, que já continha perspectivas de ;reduções generalizadas e de grande magnitude; para o crescimento dos principais blocos econômicos, está ainda pior.
Segundo a ata, essa deterioração contribui para o freio dos preços no Brasil e, assim, os membros do Copom voltaram a assegurar que cortes moderados nos juros básicos ;são consistentes; com o retorno da inflação para a meta de 4,5% em 2012.;O Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima do usual, e pondera que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. O Comitê nota que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação se posiciona em torno da meta em 2012, bem como identifica riscos decrescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta;, diz o documento.
Incógnita
Com essa indicação, economistas e analistas de mercado apostam em mais uma queda de 0,50 ponto percentual este ano, com a taxa Selic chegando em dezembro a 11% ao ano. Nem mesmo a constatação de que a inflação estará acima do centro da meta em 2012 diminui a aposta. Na ata, o BC diz que trabalha com um ;cenário central; em que a taxa de inflação se posiciona em torno da meta no ano que vem.
Para os economistas, o nível da taxa de juros em 2012 é ainda uma incógnita. As apostas, para o ano que vem, vão desde a manutenção da Selic em 11% ; estimativa, por exemplo, do BES Investimento ; até uma queda mais acentuada, com a taxa de juros básica da economia indo para um dígito, num patamar entre 9,50% e 9,75% ao ano, expectativa com a qual trabalha a Prosper Corretora. O economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, avalia que o Banco Central não tem mais muito espaço para baixar a taxa Selic, já que não houve ruptura no cenário externo. ;A solução para a Grécia e o fortalecimento do Fundo de Estabilidade Financeira da União Européia vão no sentido contrário, de atenuar a crise internacional;, observa.