postado em 30/10/2011 12:22
Papel-moeda é coisa do passado. Com a crescente bancarização do país, essa afirmação fica cada vez mais evidente no cotidiano do brasileiro, que prefere passar o cartão, de débito ou de crédito, para fazer compras, do que se deslocar até um caixa eletrônico para sacar cédulas. Entre vantagens e desvantagens, a nova geração de consumidores opta por segurança e comodidade: pesquisa da Visa do Brasil mostra que o meio eletrônico já superou o dinheiro como forma de pagamento preferida dos consumidores nas compras de R$ 51 a R$ 200. Por isso, mais estabelecimentos tiveram de se adaptar à nova realidade.
Christiano Augusto Matos, 51 anos, exemplifica bem essa mudança. ;Vendia bijuterias nas ruas e muitos clientes acabavam não comprando porque só tinham cartão. Pensando nisso, resolvi, há cerca de cinco anos, aderir ao meio eletrônico;, conta. Segundo ele, seu lucro dobrou após a aquisição da ;maquininha;. ;Graças a isso, consegui montar uma loja;, comemora. Ainda assim, continua com o trabalho de ambulante ; e carrega consigo uma máquina que aceita três bandeiras. ;Atualmente, fico no comércio durante o dia e à noite saio pelo bares mostrando meu produto. As pessoas se assustam quando digo que aceito cartão, mas adoram;, diz.
Para Matos, o aumento nas vendas é vantajoso, mesmo com as taxas cobradas pelo uso do aparelho. ;Acaba compensando;, afirma. O empresário Francisco Sá, 51 anos, ficou surpreso com a facilidade ao comprar do ambulante um brinco para sua tia, a engenheira agrônoma Conceição Sá, 59 anos. ;Nunca tenho dinheiro no bolso. Não compraria se ele não aceitasse cartão.; Ele entende que o meio eletrônico é mais seguro. ;Se eu perco dinheiro, não tem volta. Já o cartão, posso ligar para o banco e bloquear.;
O diretor de Produtos da Visa do Brasil, Felipe Maffei, aponta a comodidade como o principal motivo para a expansão do meio eletrônico de pagamento. ;A maioria das compras é feita em farmácias, supermercados, postos de gasolina, são itens do dia a dia. No mundo moderno, no qual a rapidez predomina, o cartão é um facilitador;, ressalta.
A economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Marianne Hanson explica que, hoje, as instituições financeiras têm papel mais importante no orçamento das famílias. ;Essa mudança foi motivada, principalmente, pela bancarização da nova classe C, que não tinha acesso a esse sistema;, destaca. Ela observa, ainda, que o comércio também se beneficia. ;Da mesma maneira que o consumidor prefere lojas que são filiadas a bandeiras, os estabelecimentos também procuram oferecer cartões para não perder o cliente. O relacionamento com o consumidor é sempre vantajoso;, argumenta.
Além disso, a economista lembra que, com a nova regra adotada pelo Banco Central ; que tira a exclusividade da bandeira nos terminais de pagamento ;, os lojistas têm mais um motivo para aderir à tecnologia. ;Agora, com apenas uma máquina, é possível passar qualquer cartão. Assim, o fim da exclusividade deu ao comerciante maior poder para negociar as taxas com as operadoras;, completa.
A alteração do meio de pagamento, entretanto, exige cuidado. ;A mudança nos hábitos de consumo exige reeducação financeira. Muitos se preocupam com a inadimplência, quando se fala em cartão. Querem culpar um vilão. Entretanto, o meio funciona como o papel. O problema é que, quando desembolsa dinheiro, o consumidor vê a quantia indo embora. Com o pagamento eletrônico, esse processo é menos doloroso e a pessoa pode acabar gastando mais;, observa o educador financeiro Reinaldo Domingos.
Em busca de praticidade, o servidor público Luciano Ramos, 31 anos, não usa mais cédulas em suas compras. ;Passo até R$ 1,50 no cartão. Não gosto de andar com dinheiro no bolso, já que, a cada dia, a violência aumenta. Além disso, é mais rápido;, aconselha. Ele diz que deixa de consumir quando o estabelecimento só aceita pagamento em espécie. ;Prefiro ir a outro lugar a me deslocar para tirar dinheiro no caixa.;